Josias de Souza
O brasileiro vai descobrindo aos poucos que, sob Michel Temer, o governo pode ser a favor de tudo ou absolutamente contra qualquer outra coisa. Até a semana passada, o Planalto dizia que era indispensável aprovar a reforma da Previdência. Sob pena de ocorrer um Apocalipse nas contas públicas. Nesta segunda-feira, dia em que ocorreria a votação da emenda salvadora, o Planalto colocou sua infantaria legislativa a serviço da aprovação do decreto de intervenção na segurança do Rio de Janeiro. Um decreto que levará o governo gastar um dinheiro que diz não ter.
Falta lógica. O Temer austero de ontem, defensor intransigente da reforma da Previdência, pode ser o Temer perdulário de hoje, apologista da agenda da segurança pública. E nem os mais convictos defensores do presidente podem assegurar que o país está a salvo do vice-versa. Num país em crise como, o Brasil, há muitos problemas agudos, como o da Previdência e o da segurança. Mas não será possível combatê-los sem uma noção qualquer de organização e método.
Todos dizem que a intervenção no Rio exige dinheiro extra. Quanto? Ninguém sabe. O ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, leva o pé à porta. Lembra que os gastos do governo já bateram no teto. E avisa: verba extra, só se for remanejado de outras áreas. De onde: Saúde? Educação? O governo perdeu o nexo. Sem votos para consertar a Previdência, ambarcou no populismo da segurança. Temer passou a governar o país como uma dona de casa maluca -do tipo que guarda sal numa lata de açúcar onde está escrito pimenta.
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