Pular para o conteúdo principal

Lava Jato: acusado tem cargo no governo da BA


Folha de S. Paulo - João Pedro Pitombo
 
Apontado pelo Ministério Público Federal como intermediário de propina para o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, Tiago José de Souza Cavalcanti ocupa cargo na gestão do governador da Bahia, Rui Costa (PT). 
Ele é diretor de finanças da Secretaria de Infraestrutura Hídrica da Bahia, sendo responsável pelos pagamentos da pasta, que tem orçamento anual de R$ 670 milhões. 
Tiago Cavalcanti é sobrinho da mulher do ex-ministro, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, e foi seu assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília. 
Também atuou como diretor da Agerba, agência reguladora de transportes da Bahia, na gestão do então governador Jaques Wagner (PT) 
Segundo a Força Tarefa da Lava Jato, entre 2006 e 2015, ao menos R$ 336,9 mil dasvantagens ilícitas recebidas em espécie por Negromonte passaram por contas bancárias pessoais de Tiago, por meio de 169 depósitos não identificados. 
Para os procuradores, o dinheiro era oriundo de propinas pagas pelo doleiro Alberto Yousseff no esquema de corrupção na Petrobras. 
O dinheiro depositado nas contas de Cavalcanti foi considerado pelos procuradores como incompatível com sua renda na época, segundo análise das informações do seu Imposto de Renda. 
A Polícia Federal também identificou repasses de R$ 60,4 mil das contas de Cavalcanti para uma conta conjunta compartilhada entre Negromonte e seu filho, o deputado federal Mário Negromonte Júnior (PP-BA). 
Cavalcanti também é apontado como intermediário de repasses em dinheiro vivo para Negromonte, segundo delação premiada de Rafael Angulo, que atuava na distribuição de dinheiro de Yousseff. 
Além de Tiago Cavalcanti, Hugo Hareng Quirino, outro ex-assessor de Negromonte, também foi apontado como intermediário de propinas para o ex-ministro. 
Ele teria recebido R$ 535 mil por meio de 116 depósitos bancários não identificados. Hoje, Hareng é assessor parlamentar de Negromonte Júnior. 
Cavalcanti e Hareng foram alvo de condução coercitiva e busca e apreensão pela Polícia Federal em julho de 2015. Na casa de Cavalcanti, a polícia achou uma agenda com uma espécie de "contabilidade informal" de Negromonte e sua família. 
Feudo do PP no governo baiano, a secretaria de Infraestrutura Hídrica é comandada por Cássio Peixoto, que foi secretário-executivo do Ministério das Cidades na gestão de Negromonte. 
Peixoto foi demitido do cargo dias após a Folha revelar sua participação em negociações com um empresário e um lobista interessados num projeto milionário do ministério. Na época, ele negou irregularidades. 
OUTRO LADO 
Procurado pela Folha, Tiago José de Souza Cavalcanti afirma que não é alvo de nenhuma acusação e que não está entre os indiciados pela Operação Lava Jato. Diz que, caso seja chamado a prestar contas pela Justiça, provará sua inocência. 
Cavalcanti afirma que os depósitos na sua conta bancária são empréstimos de dinheiro que recebeu de parentes. Ele diz que, em algumas ocasiões, usou dinheiro próprio para pagar contas pessoais de parentes, tendo sido ressarcido depois por meio dos depósitos. 
"Não há nada de errado com os depósitos. São transações bancárias normais, que todo mundo faz", afirmou Cavalcanti. Ele afirma que, como não é alvo de acusação, não vê problemas em ocupar um cargo público que mexe com as finanças de uma das principais secretarias do Estado da Bahia. 
O ex-ministro Mário Negromonte, por meio de sua defesa, tem negado a participação em qualquer irregularidade relacionada à corrupção na Petrobras. 
Em nota, o governo da Bahia informou que "não existem fatos" que comprovem o envolvimento de Tiago Cavalcanti nos crimes investigados pela Lava Jato. 
"O governo do Estado está atento ao desenrolar do processo e adotará as medidas cabíveis, caso haja alguma prova da participação do gestor em qualquer tipo de irregularidade", diz a nota. 
http://www.blogdomagno.com.br/?pagina=1

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção