Andrei Meireles - Blog Os Divergentes
Como presidente da República, Michel Temer usa e até abusa de seus amplos poderes para tentar se manter no cargo até o final do mandato. Até aqui vem dando certo. O caminho, porém, continua minado.
A expectativa no entorno de Temer é de novas flechadas a serem arremessadas por Rodrigo Janot. Na avaliação deles, mais do que as denúncias em si, o potencial de destruição delas depende do arco que a Globo vai usar para definir a trajetória das flechas.
Ali não se consegue decifrar a Globo. Pipocam teorias conspiratórias. O mundinho da política acha normal conversas como a de Temer com Joesley Batista, o rei do gado, no porão do Palácio Jaburu. O que eles consideram anormal é o destaque delas nos noticiários da Globo.
A cozinha de Temer avalia, também, que Rodrigo Maia é o mais perigoso dos aliados. No diagnóstico deles, a Globo é a mosca azul que picou Rodrigo.
É aí que mora o perigo.
Diante de tal força, além de buscar apoio do empresariado paulista, o vale tudo no uso e abuso da caneta presidencial é interpretado como legítima defesa.
Não há mais pudor. Temer se sente à vontade até para se imiscuir em cafés da manhã, almoços e jantares alheios.
A intenção é imobilizar Rodrigo Maia. Ele também tem uma poderosa caneta. Além de conduzir o processo de votação sobre o pedido do Ministério Público para processar Temer por corrupção passiva, Rodrigo pode arquivar ou dar sequência aos pedidos de impeachment que se acumulam em sua mesa.
Nessa terça-feira (18), Michel Temer começou o dia tentando melar o namoro de deputados dissidentes do PSB com o DEM, patrocinado por Rodrigo Maia. Pode até ter tido algum sucesso, mas pegou mal.
Depois de um longo dia, Temer teve que ir a um jantar na residência oficial de Rodrigo Maia para conter o estrago.
Como ninguém o esperava na entrada, ritual obrigatório para todos os anfitriões de presidentes da República, quase teve que bater na porta para avisar que havia chegado.
Menos mal que o anfitrião Maia o levou à porta depois do jantar. Bombeiros disseram que estava tudo bem. Fingir é uma das habilidades dos políticos.
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