O ministro da Justiça, Torquato Jardim, reagiu às críticas da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) da Lava-Jato em Curitiba e afirmou que, hoje, as investigações no Paraná já são menores do que as tocadas em Brasília e que caminham para serem menores do que as existentes em São Paulo. O procurador da República Athayde Ribeiro Costa, ao detalhar a 42ª fase da Lava-Jato em Curitiba, que resultou na prisão do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, criticou diretamente Torquato, ao dizer que o ministro não procurou a Polícia Federal (PF) para saber se o efetivo existente é suficiente.
– Vejo a crítica como infundada. Basta olhar o meu passado profissional, antes de chegar aos dois ministérios (Transparência e Justiça) e não se encontrará nenhum gesto de crítica e desapreço à Lava-Jato. Quanto a não ter feito uma visita social, não constava no protocolo do ministério que eu devesse fazer uma visita oficial à Lava-Jato. Se ele (o procurador) acha isso necessário, vamos combinar um café – disse Torquato em entrevista coletiva à imprensa na tarde desta quinta-feira.
A PF deixou de contar com um grupo próprio para cuidar da Lava-Jato em Curitiba. Segundo o ministro, o que ocorreu foi uma “reestruturação administrativa interna” da própria polícia.
– A Lava-Jato acontece hoje em 16 capitais federais. Hoje a operação é maior em Brasília do que em Curitiba. São Paulo também está ficando maior que Curitiba. O que houve foi uma redistribuição operacional, que não implica diminuição de capacidade investigativa – afirmou.
Torquato reconheceu que os cortes no orçamento da PF resultam em menos ações da polícia e que todas as operações necessárias não serão feitas em razão da falta de dinheiro:
– Não há corte, há contingenciamento, que é gastar quando se tem dinheiro. Estamos repondo na medida do possível. O contingenciamento da PF foi de R$ 400 milhões, mas R$ 170 milhões já foram repostos e estão previstos R$ 70 milhões mês a mês. Isso poderá implicar em um processo seletivo de ações, em não se realizar todas as operações necessárias, na extensão total. Este juízo compete ao próprio departamento.
O ministro voltou a deixar em aberto a permanência de Leandro Daiello como diretor-geral da PF:
– Sempre falei com a mais absoluta clareza: Daiello e eu estamos trabalhando para uma nova PF, um novo sistema institucional. Irrelevante quem vai continuar, se ele lá ou eu aqui, ou se saem os dois ou se ficam os dois. Não há compromisso pessoal. Nunca houve prazo para ele sair. O “deadline” é do dono da caneta, e o dono da caneta se chama Michel Temer.
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