Até mesmo os opositores de Temer dão como certa a vitória do presidente no plenário da Câmara, que vai decidir se a denúncia por corrupção contra ele deve ser encaminhada ao STF
ISTOÉ
O recesso parlamentar foi especialmente fatigante para o presidente Michel Temer. Além de ter de empacotar medidas controversas na área econômica, nas duas últimas semanas ele dedicou parte importante de sua agenda, inclusive os finais de semana, para intensificar o cortejo a deputados e lideranças partidárias. Como muitos deles estão longe de Brasília, o peemedebista passou horas pendurado ao telefone tentando, mesmo à distância, conquistar aliados para conseguir rejeitar na Câmara a denúncia de corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra si.
Ele é acusado de receber propina da JBS em troca de uma solução de problemas da empresa com a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A matéria deve ser apreciada na próxima terça-feira 2. Segundo interlocutores do presidente, ao cabalar votos destinados a sepultar a denúncia, Temer ouviu demandas das mais variadas: vão desde os já repisados pedidos de liberação de emendas e de cargos até a solicitação de selfies e gravações em vídeo para prefeitos interessados dar uma turbinada na imagem – acredite, demonstrar proximidade com o poder rende votos, muitos votos.
Em ano pré-eleitoral, é tudo o que mais desejam os gestores municipais. Hábil articulador político, Temer sabe como poucos recitar palavras capazes de soar como música aos ouvidos dos políticos. Mesmo os mais empedernidos oposicionistas já jogaram a toalha – ao menos nesse primeiro round.
Ou seja, Temer pode não ser um presidente popular, o governo pode não ser bem avaliado pela população, mas ele é bom de voto no Legislativo e, ao contrário dos estertores da gestão Dilma Rousseff, consegue controlar as rédeas da governabilidade. Para a denúncia prosseguir no Supremo – e, consequentemente, Temer ser afastado do cargo por seis meses – são necessários 342 apoios na Câmara. Qualquer resultado diferente, incluindo uma abstenção em massa, beneficia o peemedebista acusado por Rodrigo Janot de ser o destinatário final de uma mala de R$ 500 mil, portada por seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. É o que acontecerá, salvo uma hecatombe.
Pelo sim pelo não, o governo raspa o cofre. Na tentativa de assegurar a vitória, sem sobressaltos, o governo liberou R$ 15 bilhões em emendas parlamentares. Com o triunfo na Câmara, Temer poderá retomar sua agenda econômica pelo menos até a apreciação de nova denúncia contra ele por obstrução da Justiça a ser feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
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