Pular para o conteúdo principal

Lula: presença ou ausência definirá perfil da eleição

Eleições 2018

Folha de S. Paulo – Igor Gielow

condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou status de definidora de cenários para a eleição do ano que vem, praticamente empatando com o impacto da Lava Jato nas conversas com líderes políticos.
É consenso que a permanência ou não de Lula na urna eletrônica irá determinar que tipo de pleito ocorrerá e qual o perfil de seus candidatos, independentemente do fato de que a viabilidade de o petista ser eleito ser bastante remota no cenário atual.
O ex-presidente no páreo obrigará a construção de uma candidatura mais forte no campo conservador/governista, com retórica antipetista afiada. É isso ou arriscar ver o ex-presidente rumar ao segundo turno contra o nosso equivalente ao clã Le Pen francês, Jair Bolsonaro, com amplas chances de uma hoje improvável vitória lulista.
O tucano João Doria é hoje quem se coloca melhor nesse papel. O prefeito paulistano, contudo, joga no time do governador Geraldo Alckmin, que vem costurando sua candidatura com solidez e tem preferência na fila. Isso se conseguir unir o partido, cada dia mais fragmentado.
A questão é saber o óbvio: se o governador irá livrar-se das acusações na Lava Jato, se consegue decolar em pesquisas, se logra ser minimamente conhecido no Nordeste e, por fim, se tem a chama do antipetismo necessário.
Um aliado do tucano lembra seu desempenho na reeleição de 2014, quando São Paulo deu uma vitória esmagadora ao PSDB no pleito nacional, e o fato de que um Doria candidato a governador poderia manter esse palanque mais agressivo no maior colégio eleitoral do país -enquanto Alckmin buscaria vender outra imagem fora de suas fronteiras. Não soa fácil.
Sem Lula, contudo, o cenário é totalmente diverso. Primeiro pela lacuna à esquerda, embora a pecha de perseguido que o ex-presidente irá trombetear se impedido deverá funcionar como excelente cabo eleitoral. Mas a disputa fica mais complexa mesmo ao centro.
Sem a necessidade de uma estridência antipetista, Alckmin ganha densidade. Mas também é previsível que a antiga terceira via representada pela ex-senadora Marina Silva (com ou sem o "punch" de um Joaquim Barbosa) irá emergir com mais força, assim como talvez um outro nome no condomínio governista.
Temer, se estiver no cargo como a conjunção astral da semana parece indicar, será invariavelmente um peso para qualquer postulante -daí o balé de Alckmin para defender desembarque do PSDB após reformas, seja lá o que for isso. Mas se houver algo que se assemelhe a uma recuperação econômica mais visível, o que parece improvável, uma vaga se abre.
Esse cenário é o que mais reproduz, de saída, a barafunda do pleito de 1989. Quaisquer 15% de intenção de voto viram perspectiva de segundo turno. Os mais otimistas, como o filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, acreditam que o debate seria estimulado e o ambiente, arejado. Eu tendo a duvidar da possibilidade de discussões reais em campanhas eleitorais, mas ser pessimista é "default" nessas terras.
Seja como for, tudo isso apenas comprova que Lula segue sendo o ator político mais importante do Brasil. Desgraçadamente para o país, já que esse tipo de dependência apenas prova a infância institucional da pátria, para não entrar em considerações pessoais ou morais.


O pior é esperar o rosário de recursos que deverá atrasar a decisão de segunda instância que pode ou não tirar Lula de cena. Tudo gira em torno disso, salvo mais piruetas no roteiro da crise nossa de cada dia. Não gostaria de estar na pele dos magistrados do TRF-4 em Porto Alegre. 
Folha de S. Paulo – Igor Gielow

condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou status de definidora de cenários para a eleição do ano que vem, praticamente empatando com o impacto da Lava Jato nas conversas com líderes políticos.
É consenso que a permanência ou não de Lula na urna eletrônica irá determinar que tipo de pleito ocorrerá e qual o perfil de seus candidatos, independentemente do fato de que a viabilidade de o petista ser eleito ser bastante remota no cenário atual.
O ex-presidente no páreo obrigará a construção de uma candidatura mais forte no campo conservador/governista, com retórica antipetista afiada. É isso ou arriscar ver o ex-presidente rumar ao segundo turno contra o nosso equivalente ao clã Le Pen francês, Jair Bolsonaro, com amplas chances de uma hoje improvável vitória lulista.
O tucano João Doria é hoje quem se coloca melhor nesse papel. O prefeito paulistano, contudo, joga no time do governador Geraldo Alckmin, que vem costurando sua candidatura com solidez e tem preferência na fila. Isso se conseguir unir o partido, cada dia mais fragmentado.
A questão é saber o óbvio: se o governador irá livrar-se das acusações na Lava Jato, se consegue decolar em pesquisas, se logra ser minimamente conhecido no Nordeste e, por fim, se tem a chama do antipetismo necessário.
Um aliado do tucano lembra seu desempenho na reeleição de 2014, quando São Paulo deu uma vitória esmagadora ao PSDB no pleito nacional, e o fato de que um Doria candidato a governador poderia manter esse palanque mais agressivo no maior colégio eleitoral do país -enquanto Alckmin buscaria vender outra imagem fora de suas fronteiras. Não soa fácil.
Sem Lula, contudo, o cenário é totalmente diverso. Primeiro pela lacuna à esquerda, embora a pecha de perseguido que o ex-presidente irá trombetear se impedido deverá funcionar como excelente cabo eleitoral. Mas a disputa fica mais complexa mesmo ao centro.
Sem a necessidade de uma estridência antipetista, Alckmin ganha densidade. Mas também é previsível que a antiga terceira via representada pela ex-senadora Marina Silva (com ou sem o "punch" de um Joaquim Barbosa) irá emergir com mais força, assim como talvez um outro nome no condomínio governista.
Temer, se estiver no cargo como a conjunção astral da semana parece indicar, será invariavelmente um peso para qualquer postulante -daí o balé de Alckmin para defender desembarque do PSDB após reformas, seja lá o que for isso. Mas se houver algo que se assemelhe a uma recuperação econômica mais visível, o que parece improvável, uma vaga se abre.
Esse cenário é o que mais reproduz, de saída, a barafunda do pleito de 1989. Quaisquer 15% de intenção de voto viram perspectiva de segundo turno. Os mais otimistas, como o filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, acreditam que o debate seria estimulado e o ambiente, arejado. Eu tendo a duvidar da possibilidade de discussões reais em campanhas eleitorais, mas ser pessimista é "default" nessas terras.
Seja como for, tudo isso apenas comprova que Lula segue sendo o ator político mais importante do Brasil. Desgraçadamente para o país, já que esse tipo de dependência apenas prova a infância institucional da pátria, para não entrar em considerações pessoais ou morais.

O pior é esperar o rosário de recursos que deverá atrasar a decisão de segunda instância que pode ou não tirar Lula de cena. Tudo gira em torno disso, salvo mais piruetas no roteiro da crise nossa de cada dia. Não gostaria de estar na pele dos magistrados do TRF-4 em Porto Alegre. 
http://www.blogdomagno.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção