Rudolfo Lago - Blog Os Divergentes
A pesquisa do Ibope não traz maiores novidades no quadro eleitoral que se vem desenhando. A não ser a presença do apresentador Luciano Huck num patamar que não pode ser desprezado, como já observou por aqui Ricardo Miranda. Acaba chamando a atenção o que a rodada do Ibope traz de confirmação das pesquisas anteriores: a incólume permanência de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro lugar.
A essa altura do campeonato, pesquisa eleitoral não se destina a fazer previsão do que acontecerá em 2018. Pesquisa é cenário do momento. É para isso que ela funciona. E quem duvida da eficácia desse instrumento devia se engajar de alguma forma em alguma campanha eleitoral: verá que nenhum candidato no mundo, em qualquer estado, em qualquer país, dá um passo sequer sem consultar pesquisas. E algo que o Ibope e as demais pesquisas apontam é que, sob qualquer cenário, parece ser em torno de Lula que o jogo deverá acontecer no ano que vem, ainda que ele, por força da obstrução judicial, não venha a ser candidato.
Lula lidera em todos os cenários. E quem aparece em segundo lugar é Jair Bolsonaro, alguém que se apresenta como um anti-Lula. São as duas faces extremas do FlaXFlu político que o Brasil resolveu jogar nos últimos anos. Um a antítese do outro no jogo de ódios que se estabeleceu por aqui. É possível mesmo imaginar que, para a evolução de ambos, o melhor cenário para eles seja mesmo essa disputa.
Quando Lula sai do páreo, quem aparece com mais chances de se contrapor a Bolsonaro – como já apontava a última pesquisa Datafolha – é Marina Silva. Marina tem o recall de suas últimas candidaturas, pelo PV e como vice de Eduardo Campos, morto no meio da última campanha eleitoral. Mas ela também tem entre os candidatos postos o perfil que mais se aproxima do de Lula: a mesma origem humilde, a mesma história de superação e a mesma origem – Marina era do PT.
Mas o que não há na pesquisa nem há no momento é Lula dizendo aos eleitores em quem eles devem votar na hipótese de não ser candidato. O PT optou por abandonar ensaios de alternativas a seu candidato barbudo de sempre. Optou por uma estratégia de Lula ou nada. Que fortalece Lula como candidato, desde que ele possa mesmo vir a sê-lo.
Se não puder, é mais do que improvável que o PT e Lula fiquem neutros na disputa. Mesmo que o PT opte por não ter candidato na impossibilidade de ter Lula. Uma hipótese, para uma marcação de posição no sentido de dizer que sua eventual condenação foi política, para tirá-lo da disputa. Aí, o que Lula vier a dizer, a quem ele vier a apontar o dedo, tal indicação deverá ter influência.
Ciro Gomes ainda aposta nisso. O PDT começa a construir pontes nos estados com o PT apostando nisso. Ainda que Lula não aponte uma preferência para Ciro, é bem provável que Ciro manifeste-se criticando uma eventual condenação de Lula, gerando afinidades e aproximações.
E se Lula é aquele que tem maior percentual de intenção de voto, é também aquele que tem maior rejeição. É outro ponto a partir do qual a disputa polariza-se em torno dele. Esteja ou não no páreo, será impossível ignorar Lula em 2018. Na verdade, já foi assim em 2010 e 2014.
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