Ricardo Kotcho
"Se a corrupção no país virou moda, eu vou embora antes que honestidade vire crime" (Nicanor Bessa da Silva, cantor de rap e pensador popular).
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Como é que o ex-bilionário Eike Batista sai de fininho do Brasil, assobiando no Galeão, às vésperas de ser preso numa operação da Lava Jato batizada de "Eficiência"?
Não há mais controle de passaportes nos aeroportos? Eike já não estava "fichado" na polícia como diz o pessoal da PF? Ou houve mais um "vazamento" na operação e ele aproveitou para "vazar"?
Agora, enquanto o empresário é considerado foragido e procurado pela Interpol, a sua defesa negocia com as autoridades os termos da rendição.
Fica-se sabendo que o juiz federal Marcelo Bretas pediu sua prisão no último dia 13, mas o mandado só chegou à Polícia Federal no dia 25, às vésperas da fuga. Tudo coincidência?
No mesmo dia em que Sergio Cabral é mais uma vez denunciado por receber propinas de Eike Batista, o governador Pezão vai a Brasília para implorar ajuda porque o Rio está quebrado, "não tem mais recursos para nada".
Por que não pede a devolução da arca de dólares, barras de ouro e diamantes que seu padrinho político roubou?
De uns tempos para cá, habituamo-nos a conviver com as maiores barbaridades, como se tudo fosse muito natural, assim como tomar um copo d´água ou puxar a descarga no banheiro.
Nada mais é capaz de chocar a distinta platéia nativa neste teatro do absurdo encenado em Brasília que parece tomada por um exército de ocupação ávido e faminto.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes, procuradores, partidos políticos, associações corporativas em geral e até excelências denunciadas na Lava Jato anunciam listas com seus favoritos para a vaga deixada por Teori Zawascki, como se fosse um concurso de miss.
Quando o anormal vira uma coisa natural, algo está errado. Isto não é normal.
Citado 43 vezes por um único delator da Odebrecht, o presidente Michel Temer dá uma carona para o ministro Gilmar Mendes no avião da FAB até Lisboa e, na mesma semana, o recebe para um jantar de domingo na residência oficial.
Quando se sabe que Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em breve poderá ser chamado a julgar Temer, a explicação de que são amigos há mais de 30 anos parece uma coisa natural, mas não é normal numa democracia minimamente civilizada.
Quando o delegado Igor de Paula, da força-tarefa da Lava Jato, que fez campanha para Aécio Neves nas redes sociais em 2014, anuncia que a prisão do ex-presidente Lula deve ocorrer entre 30 e 60 dias, ninguém pergunta em que se baseia a sua previsão.
Desde quando existe prisão com prazo pré-estabelecido numa investigação ainda em andamento?
Dá-se de barato que Rodrigo Maia, o "Botafogo" da lista da Odebrecht, continue na presidência da Câmara por mais dois anos, embora a Constituição impeça a reeleição na mesma legislatura.
Se a direção do PT admite apoiar o candidato do governo que chama de golpista, algo realmente está errado. Não é normal.
Em fevereiro, tem carnaval.
Bom fim de semana.
Vida que segue.
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