Carlos Chagas
Talvez o ano não termine antes do vazamento de mais algumas trapalhadas, com a indicação de seus autores, pinçados das delações premiadas de 77 diretores e ex-diretores da Odebrecht. Não há sala blindada e trancada no Supremo Tribunal Federal que consiga guardar todos os segredos das acusações.
Conhecidos agora ou em janeiro mais alguns personagens da roubalheira, a conclusão é de que perto de 200 parlamentares andam sem dormir ou dormindo mal, neste fim de ano. Nem todos que são objeto das delações premiadas perderão o pescoço, mas o percentual incomoda. O dinheiro podre da empreiteira movimentou o bolso de muita gente cuja menos contundente das punições será devolver o dinheiro roubado. Pior acontecerá com os que tiverem seu futuro interrompido, proibidos de candidatar-se em 2018. Uns que pretendiam subir de patamar, candidatando-se a governador e até a presidente da República, outros à reeleição.
De um total de 513 deputados e 81 senadores, quantos serão processados e perderão seus direitos políticos? Mais importante, quantos serão rejeitados pelo eleitorado, mesmo conseguindo escapar da guilhotina?
Prenuncia-se uma renovação forçada de parte do atual Congresso, sem a garantia de que os eleitos cederão à tentação de enveredar pelo mesmo caminho do atingidos. A ninguém será dado concluir que o país vai mudar completamente, que a longa temporada de corrupção estará encerrada. O ano em vias de começar não se livrará de malfeitos peculiares ao tempo que passou. Mesmo assim, passos fundamentais terão sido dados, em matéria de mudanças. 2017 será diferente de 2016. Mas 2018?
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