Michel Temer, Elizeu Padilha e Geddel Vieira Lima
Álvaro da Costa e Silva - Folha de S.Paulo
A tarimba de Zózimo Barrozo do Amaral (1941-1997) nas altas rodas lhe permitiu o seguinte diagnóstico: "O empresariado brasileiro é, de modo geral, escrotérrimo. Ele é incapaz de ceder um mínimo que seja nas questões que envolvam seus ganhos. É um conjunto de pessoas que se habituou a receber tudo dando pouco em troca. A relação deles tanto com os empregados quanto com o país é de mão única: só querem receber, e nada mais".
Impossível não lembrar "o maior caso de suborno da História", segundo o Departamento de Justiça dos EUA, no qual o grupo Odebrecht admitiu ter repassado US$ 1 bilhão em propina a autoridades e políticos no Brasil e outros 11 países da América Latina e África. A pergunta é: quantos bilhões de dólares a empresa faturou no troca-troca?
A análise de Zózimo está em "Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança" (Intrínseca), um perfil de 600 páginas escrito por Joaquim Ferreira dos Santos. O livro não só reconstitui a trajetória profissional e pessoal do jornalista (seus sérios problemas de alcoolismo, por exemplo) como mostra o Rio das elites se transformando: das festas no big apartamento no Morro da Viúva do casal Carmen e Tony Mayrink Veiga, onde se exigia black-tie, passando pelas discotecas com farta oferta de pó nos banheiros, até as feijoadas de camiseta e garrafinhas de uísque nacional como brinde.
Tudo isso Zózimo contou em 30 anos de colunismo. Foram cerca de 200 mil notas, que não dispensavam os furos econômicos e políticos, mas privilegiavam o tom de crônica e comportamento. Escrevia com leveza, humor, elegância - e depuração estilística à Dalton Trevisan. Um tuiteiro "avant-garde". Segundo o discípulo Ancelmo Gois, tinha o melhor texto do jornalismo em três linhas.
O que Zózimo - em três linhas - diria da Lava Jato e do governo Temer?
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