Pular para o conteúdo principal

Temer precisa fazer um trabalho

Vinicius Torres Freire - Folha de S.Paulo

O número de pessoas empregadas ainda diminui. Mesmo uma notícia menos ruinzinha sobre o mercado de trabalho ainda é incerta: talvez a velocidade com que os empregos desaparecem comece a baixar. Baixou em novembro, mas não é certo que continue assim.
Considerados os ritmos do mercado de trabalho e fatores econômicos que podem dar jeito nessa marcha à ré, é improvável que a quantidade de empregos pare de cair antes de abril.
É horrível não ter coisa melhor a dizer no último dia útil deste ano sinistro de 2016.
Mas é o que indicam os dados do mercado de trabalho até novembro, do IBGE (Pnad Contínua) e do Caged (o registro do emprego com carteira assinada, do Ministério do Trabalho).
A taxa de desemprego, porém, continua a subir. Não deve parar antes de metade do ano que vem. Taxa de desemprego é a proporção do número de pessoas que procuraram trabalho e não acharam.
Mesmo que o número de pessoas empregadas pare de diminuir, a taxa de desemprego continuará aumentando, provavelmente, pois mais gente entra no mercado, por estar em idade de trabalhar ou porque procura dar ajuda na renda da família.
O número de pessoas com trabalho diminuiu ainda 2,11% em relação a novembro de 2015, 1,9 milhão de empregos a menos. No grupo de quem tem carteira assinada, a baixa foi de 3,7%.
Desde 2014, último ano em que houve progresso no trabalho, o número de empregos baixou 2,7%. No mercado formal, com carteira, a baixa foi de 6,7% (dados do IBGE) ou de 7,1% (dados do Caged). Regressão parecida com a do PIB no período, de uns 7,4%. Em suma, há menos e piores empregos.
O desastre maior ainda acontece nos empregos com carteira assinada da construção civil, que desaparecem ao ritmo de 14% ao ano.
O país das obras parou ainda mais. Houve o fim de um período de alta de investimentos. Veio a falência dos governos, que interromperam obras, mal planejadas, no meio do caminho, ou ficaram sem dinheiro para quase todas. As quadrilhas de empreiteiras e o grande saque da Petrobras, que deram na Lava Jato, arruinaram o resto.
Por que a ênfase no investimento público e na construção civil?
Porque os excessos, as obras mal planejadas, as incompetências no investimento e as bandidagens grossas que ocorreram sob Lula 2 e Dilma 1 são um fator importante desta recessão monstruosa de muitas cabeças. Obras mal escolhidas, decididas a mando de corruptos ou inúteis (estádios, ferrovias para lugar nenhum, refinarias de prejuízo eterno).
Porque a retomada das obras é um caminho restante para a recuperação do crescimento, no curto prazo. Como já se escreveu aqui tantas vezes, do investimento público em obras é que não virá essa retomada. Os governos quebraram de modo operístico, muitas vezes criminoso.
Novas obras de infraestrutura virão apenas de investimento privado em concessões públicas de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Dependem, porém de decisões de governo.


O governo de Michel Temer está encalacrado no assunto, enrolou-se com essa corda e corre o risco de se enforcar. O maior pacote de medidas de estímulo seria o de obras bem planejadas na rua. Até agora, nem sinal de planos
http://www.blogdomagno.com.br/?pagina=2

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção