Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff já reage com resignação quando confrontada com o diagnóstico, feito até por ministros da equipe dela, de que o governo pode não chegar ao final. "Eu tenho que combater o bom combate. Ganhar ou perder é o resultado", afirma. Dirigentes do PT e auxiliares próximos da presidente analisam que ela não teria a exata noção da gravidade da crise, protegendo-se no que chamam de "autismo".
Ministros do núcleo mais próximo da presidente dizem que ela, na verdade, está serena. A ideia de que o governo não chega a 2018 é praticamente consensual entre eles.
A certeza de que a crise política deve se tornar incontornável tomou conta de boa parte dos petistas depois de receberem informações de que as empreiteiras podem detalhar, nas delações premiadas, contribuições por meio de caixa dois para a campanha de Dilma de 2014.
A Odebrecht chegou a mandar recados a Dilma, antes mesmo de Marcelo Odebrecht ser preso, dizendo que informações bancárias da Suíça poderiam mostrar que o marqueteiro dela, João Santana, recebeu recursos no exterior. A ideia era que Dilma, por meio do Ministério da Justiça, tentasse barrar a chegada de documentos do exterior ao Brasil.
O marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, asseguraram à presidente que nada seria encontrado no exterior em relação às contas de campanha dela. Garantiram que todos os pagamentos referentes à eleição dela eram regulares – o que mantêm mesmo depois de presos. Dilma ficou tranquila – e os documentos chegaram ao Brasil.
Antes de ser preso, Marcelo Odebrecht mostrava seu inconformismo com Dilma. Repetia que a presidente não se mexia em relação à Lava Jato porque imaginava que a operação se restringiria às empresas, acusadas de formação de cartel.
Renan Calheiros já chegou a sugerir recentemente a Dilma que ela saia do PT e que, para tentar se manter no cargo, convoque um governo de "união nacional". Ele nega.
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