Pular para o conteúdo principal

O que queria a Odebrecht com delação que não existiu?


A denúncia que não passou de balão de ensaio deixou parlamentares de 24 partidos sob a ameaça de um escândalo
Do IG São Paulo
Sem chance de escapar ilesa da Operação Lava Jato, a Odebrecht decidiu nesta semana colocar em prática uma estratégia bem arriscada. Usou a opinião pública para sondar o impacto de uma possível delação premiada. Para isso, tentou causar confusão ao dar sinais de que teria feito um acordo com a Justiça. Muita gente graúda, ao acreditar que a empreiteira teria decidido entregar todo o esquema de que é suspeita, ficou com medo da denúncia.
Quem acredita em coincidências?
A Odebrecht soltou o balão de ensaio na terça-feira (22), mesmo dia em que a força-tarefa da Lava Jato apreendeu uma lista com mais de 200 políticos na casa de Benedicto Barbosa Silva Junior, ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira. A PF investiga se a planilha tem relação com repasse de dinheiro de caixa dois para campanhas eleitorais.
Muitos políticos se apressaram em mostrar que os valores apontados nos papéis de Silva Junior eram idênticos aos declarados à Justiça Eleitoral, o que descaracterizaria qualquer irregularidade nas doações. A lista do ex-executivo da Odebrecht quis comprometer muitos parlamentares. Mas as investigações ainda terão de mostrar o que levaria alguém que tenha ligações com uma empresa investigada há pelo menos um ano a deixar impressa em um papel uma planilha de repasses ilegais a políticos. 
O que aconteceu entre a delação ficcional e a ação do MP?
Quase 24 horas depois de a Odebrecht dar a entender que teria assinado a delação premiada e o assunto ter causado inquietação entre parlamentares e integrantes do governo, o MPF-PR divulgou uma nota negando o acordo.
Por ora não é possível saber o que a empresa conseguiu entre a delação que não aconteceu e a mensagem do MPF-PR. O fato é que políticos de 24 partidos – tanto da situação quanto da oposição – foram colocados sob suspeita. Sob o risco de enfrentar a Justiça, parte deles pode ter cedido a pressões de investigados na Lava Jato.
Enquadrada pelo MPF, a empresa divulgou uma lacônica nota de uma linha: "A Odebrecht, por meio de seu comunicado divulgado na noite de terça-feira (22), teve a intenção de manifestar à sociedade sua disposição em colaborar com as autoridades".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

'Fi-lo porque qui-lo': aprenda gramática com frase histórica de Jânio Quadros

FI-LO PORQUE QUI-LO                       Vamos lembrar um pouco de história, política e gramática?                     O ex-presidente Jânio Quadros gostava de usar palavras difíceis, construções eruditas, para manter sua imagem de pessoa culta. Diz o folclore político que, ao ser indagado sobre os motivos de sua renúncia, em 1961, teria dito: "Fi-lo porque qui-lo".                     Traduzindo para uma linguagem mais acessível, mais moderna, ele quis dizer "fiz isso porque quis isso", ou, simplificando, "fiz porque quis".                     Esse "LO" nada mais é que o pronome oblíquo "O", que ga...

Vimos ou viemos à reunião?

Nós VIMOS ou VIEMOS à reunião? Muita gente tem dúvida na hora de flexionar o verbo VIR. Quer um exemplo: Como você diria: “Nós VIMOS ou nós VIEMOS à reunião?” A resposta é: depende. Sim, depende do tempo a que nos referimos. A forma VIMOS é do presente do indicativo. Por exemplo:  “VIMOS, por meio desta, solicitar..." (o verbo VIR está na 1ª pessoa do plural, no presente do indicativo); A forma VIEMOS é do pretérito, do passado. Exemplo: "Ontem nós VIEMOS à reunião." (o verbo VIR está também na 1ª pessoa do plural, mas desta vez no pretérito perfeito do indicativo). Muita gente evita usar o presente, porque a forma VIMOS é, também, o passado do verbo VER: "Nós o vimos ontem, quando saía do escritório".  Para não ter dúvidas sobre qual é o verbo que está sendo usado (o VIR ou o VER), ponha o verbo no singular. Veja: “VENHO, por meio desta, solicitar...” (essa é a 1ª pessoa do singular, em vez de VIMOS, 1ª do plural); “Eu o VI ontem, quando saía do escritório” (e...