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Lula ia ser preso esta semana


O juiz federal Sérgio Moro, que derrubou, ontem, o sigilo de telefonema entre a presidente Dilma e Lula, gerando um clima de tensão e nervosismo em Brasília, a ponto de a oposição pedir a renúncia da presidente em plenário, havia planejado prender Lula, o chefe do esquema da Petrobras, esta semana. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia disso, porque teve seu telefone monitorado pela Lava-Jato.
Nas interceptações, os investigadores chegaram à conclusão que Lula sabia ou desconfiava que estava sendo monitorado, tendo até mesmo suspeitas da busca e apreensão que aconteceria em seus endereços. Nos grampos existem conversas com diversas autoridades que detêm foro privilegiado e conversas que indicam tentativas de influenciar o Ministério Público e a Justiça, como o STF e a ministra Rosa Weber.
Ministros próximos a Dilma e ao ex-presidente convenceram Lula a aceitar a oferta de Dilma para não ser preso. Ele se encontrou com a presidente no Palácio do Alvorada para discutir as estratégias para impedir o avanço do processo de impeachment contra Dilma. O tema foi abordado rapidamente durante o encontro, mas, mesmo antes de receber um convite de Dilma, Lula negou a intenção. No círculo próximo ao ex-presidente, assumir uma pasta agora seria interpretado como uma confissão de culpa.
A nomeação do petista na Casa Civil dar a ele direito ao foro privilegiado. Com isso, somente poderá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que passaria a supervisionar também as investigações sobre ele — as quais, no momento, estão sob a jurisdição de Moro. Os trabalhos analisam se as empreiteiras favoreceram Lula — por meio do sítio de Atibaia e do tríplex no Guarujá —, o Instituto Lula e a empresa de palestras do ex-presidente, a ILS Palestras.
Sérgio Moro não é bobo e já tinha todas as provas para prender Lula. A troca de e-mails entre um executivo da empreiteira OAS e um dos diretores do Instituto Lula, Paulo Cangussu André, indicam um pagamento por palestra realizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Chile, em 2013, antes da formalização do contrato.
Responsável pelo repasse de R$ 3,9 milhões para o instituto e para a LILS Palestras, Eventos e Publicações a empreiteira acusada de corrupção na Petrobras é suspeita de ter ocultado propina nos pagamentos feitos ao ex-presidente entre 2011 e 2014. Documentos da Operação Aletheia — 24ª fase da Lava-Jato — que levou Lula coercitivamente para depor, registram a troca de e-mail entre Paulo André, do Instituto Lula, e Dante Fernandes, da OAS, no dia 7 de janeiro de 2014.
Sérgio Moro descobriu que as palestras pagas ao ex-presidente, a partir de 2011, via empresa LILS e os valores doados ao Instituto Lula, teriam ocultado propina desviada da Petrobras. As cinco maiores doadoras do instituto e as cinco maiores pagadoras da LILS são empreiteiras do cartel acusado de corrupção na Petrobras.
Irritado com a operação armada por Lula – a posse na Casa Civil – para escapar da prisão, Sérgio Moro derrubou o sigilo telefônico do ex-presidente. Enquanto a oposição pedia a cabeça de Dilma no Congresso, ministros eram chamados por ela para uma reunião de emergência. Em uma das gravações, Dilma diz a Lula que o enviará o termo de posse (da Casa Civil) para que ele use “em caso de necessidade”.
Os advogados que conduzem a defesa do ex-presidente Lula, Roberto Teixeira e Cristiano Martins, chegaram a afirmar que o juiz Sergio Moro pretende criar uma convulsão no País. "A divulgação desse áudio é uma arbitrariedade, pois ele envolve a presidenta da República, que tem foro privilegiado. O juiz Moro liberou esse áudio quando a competência não era mais da justiça do Paraná num claro intuito de provocar uma convulsão social, algo que não é função do poder judiciário."
Mais cedo, foi publicada a edição extraordinária do “Diário Oficial da União” com a nomeação de Lula na Casa Civil e a criação de um novo ministério, o do Gabinete Pessoal do Presidente da República, que será ocupada pelo ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner. A divulgação do áudio gerou forte repercussão em Brasília. Na Câmara dos Deputados e no Senado, por exemplo, parlamentares da oposição passaram a cobrar a renúncia de Dilma.
Em frente ao Palácio do Planalto, uma manifestação que já ocorria contra a nomeação de Lula na Casa Civil passou a ter a adesão de mais pessoas. A nomeação deu a Lula foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, a investigação sobre ele na Operação Lava Jato sai do alcance do juiz Sérgio Moro e passa para o âmbito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em São Paulo, o advogado de Lula classificou a divulgação de áudio como algo “muito grave”, uma “arbitrariedade. Além disso, José Eduardo Cardozo afirmou que, no diálogo telefônico, Dilma não estava dando ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento para livrá-lo de uma eventual ação policial.
TIRO DE MISERICÓRDIA– Enquanto governistas podem pensar que Lula é a bala de prata que vai salvar o Governo politicamente, opositores querem apostar que é o tiro de misericórdia que vai levar a Lava Jato ainda mais para dentro do Planalto. Nas duas opções, no entanto, Dilma acaba de renunciar ao posto de presidente. Ela ficará abaixo de Lula até na geografia do Palácio do Planalto. Como “presidente”, Dilma fica no terceiro andar. Como “ministro” da Casa Civil, Lula ficará no quarto.

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