El País - Breiller Pires
A colaboração da Polícia Federal com um filme sobre a Operação Lava Jato provocou a insatisfação de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e, sobretudo, de Luiz Inácio Lula da Silva. Na última quinta-feira, a defesa do ex-presidente enviou uma petição ao juiz Sérgio Moro em que reivindica o sigilo de imagens que teriam sido repassadas por autoridades aos produtores do longa “Polícia Federal: a lei é para todos”. De acordo com o advogado Cristiano Zanin, a produção obteve acesso ilegal a filmagens captadas por um agente da Polícia Federal durante a condução coercitiva de Lula com o intuito de reconstituir a cena, que deve compor o desfecho da obra.
“Os vídeos, que teriam sido entregues a terceiros, mostram a residência, a intimidade e a coleta de depoimento do ex-presidente Lula”, disse Zanin em um seminário sobre a Lava Jato promovido pelo PT nesta sexta-feira, em São Paulo, onde atribuiu o vazamento à PF. “É uma situação muito grave. Em vez de zelar pelo material confidencial, aparentemente as autoridades o entregaram à produtora do filme, que é alinhado às ideias dos acusadores do ex-presidente e detém um material que a Constituição Federal considera privado.”
Na petição, os advogados de Lula citam trechos de entrevistas em que os produtores do filme revelam ter tido acesso a vídeos para auxiliar na reconstituição de passagens da Operação Lava Jato. Além do sigilo, eles solicitam à produtora New Group Cine & TV LTDA, responsável pelo projeto cinematográfico, que não utilize as imagens da condução coercitiva. Ainda no evento do Partido dos Trabalhadores, Zanin afirmou que a suposta divulgação pela Polícia Federal é “mais uma prova de que os processos da Lava Jato não observam garantias legais”.
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