Carlos Brickmann
O Inferno vem antes: com o avanço da Operação Lava Jato e a entrega ao Supremo da Lista de Janot, na qual há pedidos de abertura de inquérito sobre 107 pessoas - todas, de alguma forma, poderosas - Brasília parou. A oposição decidiu ir à guerra: entre os envolvidos, estão Dilma e Lula, e os ex-ministros Palocci e Mantega. O Governo não sabe bem como agir: os ministros Eliseu Padilha, Gilberto Kassab, Moreira Franco, Aloysio Nunes fazem parte da lista. Que fará Temer, com tantos ministros sob suspeita?
Boa pergunta: o que não falta, nos meios políticos, é gente imaginando fórmulas para se livrar da prisão. A mais simples é definir especificamente a Caixa 2 como crime. Em seguida, enquadrar nessa definição o maior número possível de políticos e empresários. E, como a lei que especifica que a Caixa 2 é crime será recente, todos os acusados serão inocentes, já que quando a praticaram ainda não havia lei que a definisse como crime.
As tentativas de livrar-se legalmente da cadeia podem não dar certo, se a opinião pública se mantiver atenta (e mobilizada, o que será demonstrado no próximo dia 26). Entretanto, ao menos para o pessoal mais poderoso, os pedidos de inquérito podem incomodar, mas dificilmente os atingirão.
Há dois anos, Janot pediu ao Supremo a abertura de 27 inquéritos envolvendo pouco mais de 40 políticos. Passados dois anos, seis estão sendo processados. Para quem tem foro privilegiado, o Supremo é o Céu.
Através do espelho
Toda verdade tem múltiplas facetas. A nota acima pode perfeitamente ser lida ao contrário. Há quem conteste a existência do foro privilegiado; há quem até o aceitaria, mas discorda de uma legislação que joga nas costas de um tribunal constitucional, já sobrecarregado de processos, o julgamento de réus, o que não é sua especialidade, e desprovido de recursos para dar aos casos a celeridade que deveria ser a norma.
Para a população, que espera Justiça, e a quem os julgamentos deveriam mostrar que o crime não compensa, Céu e Inferno se invertem.
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