Andrei Meireles – Blog Os Divergentes
Renan Calheiros continua com o jogo de sempre. Ele é craque em embaralhar as cartas e confundir parceiros e adversários. É um zigue-zague que ele encena em todos os governos.
Fernando Henrique e Lula tiraram de letra. A confusa Dilma Rousseff ficou ainda mais tonta. Até hoje ela não entendeu se Renan a ajudou ou lhe deu uma rasteira.
Michel Temer e seu entorno, pela longa convivência, não subestimam, mas também não pagam pelo valor de face, as apostas e desafios de Renan. Mas sempre cedem um pouco.
Renan agora adotou como bandeiras o combate à terceirização irrestrita na economia e ao modelo de reforma da Previdência. Também é quem articula uma reação parlamentar à ofensiva da Lava Jato.
Chegou a postar um vídeo nas redes sociais em que detona as reformas e medidas econômicas do governo Temer.
Assim, agrada a petistas e aliados.
Estaria se tornando um líder da oposição? Neca de pitibiriba.
“Convivo há anos com Renan. Até para nós ele é uma esfinge. A gente nunca sabe exatamente qual é o jogo dele”, disse um senador da cúpula do PMDB, em uma conversa informal, para minha surpresa.
Ao mesmo tempo que pressiona Temer na agenda legislativa, Renan ganha pontos no balcão palaciano. É dado como certo no Congresso que ele vai indicar o futuro ministro dos Portos, um cargo cobiçado por sua, digamos, capilaridade empresarial por todo o mundo político.
Renan também busca toda tipo de ajuda para reeleger governador Renan Filho e manter seu poder político em Alagoas, hoje bem ameaçado.
Dizem até que ele pode desistir de concorrer a um novo mandato no Senado, disputar uma cadeira de deputado federal para ficar bem longe do juiz Sérgio Moro, e apostar tudo na reeleição do filho.
Mas seu jogo em Brasília vai além da paróquia.
Acuado pela Lava Jato, ele tenta sobreviver mantendo sua influência no Senado. Faz um contraponto a Eunício Oliveira, que não tem o mesmo jogo de cintura, e articula para todos os lados.
Senadores que nem morrem de amores por Renan reconhecem que ele é o único que consegue tirar o Senado do marasmo na expectativa da tempestade da Lava Jato.
A dúvida é se essa frenética movimentação resiste às revelações da Odebrecht e de outros delatores.
A conferir.
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