G1
O ex-executivo da Odebrecht Henrique Pessoa afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que a empreiteira contratou a sobrinha do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Raimundo Carreiro, como contrapartida à resolução de um processo judicial sobre as obras da usina de Angra 3
De acordo com o delator, a licitação que foi vencida pelo consórcio do qual a Odebrecht participava em Angra 3 foi judicializada e levada ao TCU pelo consórcio perdedor.
Depois de algum tempo sem que o processo tivesse um desfecho, Pessoa afirmou que o representante da UTC no consórcio, Antonio Carlos Miranda, relatou em uma reunião entre as empresas que "tinha um caminho pra resolver o problema".
Segundo o ex-executivo da Odebrecht, posteriormente ele ficou sabendo que o advogado contratado para resolver o caso era Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz e que o relator do caso no TCU era Raimundo Carreiro, atual presidente do tribunal.
Raimundo Carreiro e Tiago Cedraz, filho do Aroldo Cedraz, já eram investigados no STF antes das delações da Odebrecht por suspeita de receberem dinheiro para facilitar a obra de Angra 3. Com base na delação do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, que disse que deu R$ 1 milhão para Tiago repassar para Raimundo Carreiro - Henrique Pessoa, da Odebrecht, confirmou o valor relatado pelo presidente da UTC.
"Esse R$ 1 milhão, nós achamos alto, todo mundo achou alto, reclamou, mas como ele tinha sido resolvido, todo mundo aceitou e isso seria reembolsado depois à UTC", explicou.
Contratação
Além do valor, que, de acordo com Pessoa, foi pago pela UTC, outra contrapartida pela resolução do processo no TCU era que uma das empresas integrantes do consórcio em Angra 3 contratasse a sobrinha do ministro Raimundo Carreiro.
Segundo o delator, o pedido foi levado às empreiteiras por Antonio Carlos Miranda. Ele disse ainda que acredita que a contratação seria uma solicitação de Tiago Cedraz.
"Uma das reuniões na UTC, Antonio Carlos Miranda perguntou a cada um dos presentes lá, estávamos todos, quem é que poderia contratar essa menina, a Fernanda, porque era uma solicitação", relatou.
Ministros do TCU
O Supremo já autorizou que dois ministros do TCU sejam investigados na Lava Jato. Raimundo Carreiro já era investigado e, agora, surgiram mais indícios contra ele devido às delações da Odebrecht; e Vital do Rego, que já era investigado num inquérito por suspeita de tentar atrapalhar a CPI da Petrobras e agora tem mais um, pela Odebrecht, suspeito de receber dinheiro da empreiteira.
Além disso, o ministro Aroldo Cedraz não é investigado, mas foi ouvido como testemunha no inquérito que investiga seu filho.
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