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Temer e a greve: discutir reformas só com o Congresso


Paralisação esvaziou centros das capitais, à exceção do Rio, e foi o maior protesto sindical em 21 anos
Cronograma de votação de reformas será termômetro sobre efeito do movimento sobre parlamentares
El País – G. Alessi, H. Mendonça e A. Benites
A manhã despontou no coração de São Paulo e os transeuntes que se via eram basicamente os moradores de rua que ali passam seus dias. Lojas fechadas, pouquíssimo trânsito e entradas de metrô completamente desertas. A imagem se repetiu durante horas nesta sexta-feira nas principais cidades brasileiras. Foi uma demonstração de força do movimento sindical que convocou uma greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária do Governo Michel Temer e conseguiu paralisar a rotina nas capitais graças, principalmente, à crucial adesão do setor de transportes. A única exceção foi o Rio de Janeiro, onde o metrô não parou e os ônibus circularam parcialmente.
Em sua primeira paralisação realmente nacional em 21 anos, os sindicalistas contaram com apoios pouco frequentes contra o Planalto, como a participação da Força Sindical, uma organização que apoiou o impeachment, a mobilização explícita da cúpula católica e a interrupção das aulas até em caros colégios particulares em várias capitais Enquanto em Brasília houve tensão, mas não incidentes, no Rio, as cenas dramáticas de ônibus incendiados por mascarados se mesclaram às dos manifestantes correndo das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.
Instado a se manifestar sobre a mobilização, o presidente Temer fez uma declaração pública na qual reduziu a greve geral a "pequenos grupos que bloquearam rodovias e avenidas". Ele insistiu que seguirá seus propósitos de "modernizar a legislação nacional" e descartou qualquer diálogo com sindicatos ou outros grupos da sociedade civil ao advertir que o debate sobre as reformas se realizará "na arena adequada para essa discussão, que é o Congresso Nacional".
De fato, está no Congresso tanto as chances de sobrevivência do Governo Temere sua agenda liberal como o termômetro real do impacto da mobilização desta sexta-feira sobre os parlamentares. O Planalto, que conseguiu na Câmara passar a reforma trabalhista nesta semana, agora mapeia os parlamentares traidores para se preparar para a batalha mais difícil: a da reforma da Previdência. Se perceber que pode sofrer derrota ou mais defecções em sua pressionada base de apoio, o Governo será obrigado ao menos adiar o cronograma da votação na comissão especial do tema, prevista para o dia 3, e no plenário, entre 8 e 20 de maio. Se isso acontecer, pode ser ao menos uma vitória tática as forças que foram às ruas.
A mensagem das organizações da greve geral é que a pressão não cessará.
http://www.blogdomagno.com.br/?pagina=1

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