Josias de Souza
Michel Temer disse a auxiliares nesta sexta-feira que não cogita abandonar sua agenda de reformas. “Não haverá recuo”, disse. Mantém o propósito de realizar o que chama de “governo refosmista”. Realça que outros países tiveram que lidar com protestos e incompreensões para realizar reformas. Sustenta que todos os que perseveraram estão economicamente mais sólidos. Repete que o esforço será recompensado com a volta da prosperidade econômica e dos empregos.
A despeito da disposição de Temer, o governo reconhece que ainda não dispõe dos 308 votos de que necessita para aprovar a emenda constitucional que reformula a Previdência. Nesse ponto, houve um ajuste na estratégia. O Planalto desistiu de marcar uma data para a votação. “Vamos votar quando tivermos certeza da vitória”, disse um ministro ao blog.
Depois de aprovar na Câmara a reforma da CLT, o condomínio governista cogitara travar a batalha da Previdência no dia 8 de maio. A data foi abandonada. Avalia-se que ministros e líderes de partidos precisarão de mais tempo para seduzir —na lábia e no fisiologismo— os deputados que ainda resistem em mexer no modelo previdenciário. Os insurgentes perderão benesses como cargos e verbas orçamentárias, ameaça o Planalto.
A flexibilização do calendário não tem relação com os protestos realizados nesta sexta-feira, alega o governo. Ao contrário, o Planalto surpreendeu-se com a dispersão dos opositores das reformas. O próprio governo havia se equipado para enfrentar um movimento mais vigoroso. A percepção de Temer e de seus auxiliares é a de que não houve uma “greve geral”, mas manifestações “dispersas e pontuais”.
“Isso não diminui o nosso desafio”, disse o ministro que conversou com o blog. “Sabemos que não será fácil aprovar a reforma da Previdência. Não era fácil ontem. Não será fácil amanhã. Mas trabalhamos com a convicção de que é o melhor a ser feito. Por isso, achamos que vamos conseguir os votos, mesmo que demore um pouco mais.. Pode ser no final de maio, no início de junho. O que importa é aprovar.”
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