Folha de S.Paulo – João Pedro Pitombo
Duas semanas após a apreensão da Polícia Federal, os R$ 51 milhões achados em um apartamento em Salvador seguem oficialmente sem dono. Preso três dias depois da descoberta do dinheiro, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) não confirma nem nega a posse das malas e caixas de dinheiro apreendidas. A PF identificou digitais do ex-ministro do dinheiro, e o dono do apartamento confirmou que havia emprestado o imóvel ao peemedebista.
A situação do ex-ministro deve ficar ainda mais complicada com o provável depoimento de seu ex-assessor Gustavo Ferraz, também preso pela Polícia Federal. A defesa de Ferraz solicitou uma audiência de custódia ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, mas ainda não obteve resposta. "Ele está disposto a colaborar com a Justiça", disse Pedro Machado de Almeida Castro, responsável pela defesa de Ferraz.
A investigação foi remetida para o STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação do irmão de Geddel, deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB).
POLÍTICA
Enquanto prepara sua defesa jurídica, no mundo político a situação de Geddel é vista como incontornável. Desde a descoberta do dinheiro, o clã Vieira Lima silenciou. O deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, ficou duas semanas sem ir à Câmara. Cancelou todos os seus compromissos públicos e deixou de fazer postagens em redes sociais.
Nesta terça-feira, reapareceu na Câmara mas evitou falar do assunto. Disse que tanto ele como o irmão se manifestariam apenas pelos autos do processo. Em meio ao silêncio de Geddel, aliados trocaram a defesa enfática do ex-ministro por um tom de cautela e defesa das investigações.
Tratam os R$ 51 milhões encontrados como um problema pessoal de Geddel. Mas evitam dar passos que possam soar como um confronto ao ex-ministro da Secretaria de Governo. Geddel foi suspenso do PMDB por 60 dias. Mas, oficialmente, continua como presidente licenciado do partido da Bahia.
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