O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), prevê que a votação no colegiado da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) pode ocorrer após o feriado de 12 de outubro. "Isso vai depender muito da defesa apresentada. Esse tempo é variável. Acredito que logo após o feriado podemos encerrar essa questão na CCJ", afirmou.
O relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) é o deputado Bonifácio de Andrada, do PMDB de Minas Gerais. Andrada tem 87 anos, é advogado e está no décimo mandato consecutivo como deputado federal. Aliado do senador Aécio Neves (MG), o deputado faz parte da ala do PSDB que defende a permanência do partido no governo.
Na primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, o tucano votou para barrar a investigação contra o presidente da República. A escolha de Andrada deve desagradar a liderança do PSDB. O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), chegou a pedir formalmente a Pacheco que nenhum de seus liderados fosse escolhido relator da segunda denúncia contra Temer. O mesmo pedido foi feito por Aécio, presidente licenciado do PSDB e que está afastado do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O coordenador da bancada do PSDB na comissão, Betinho Gomes (PE), também pediu a Pacheco que a relatoria não ficasse nas mãos de nenhum tucano. Como o partido se dividiu na primeira votação, quer evitar repetir o constrangimento que ocorreu quando Paulo Abi Ackel (PSDB-MG) assinou relatório que absolveu Temer, se alinhou ao Planalto e expôs a divisão interna.
Na entrevista em que anunciou o relator, Pacheco admitiu que foi procurado pelo líder do PSDB, mas disse que Andrada está "acima" dessas questões. "Tenho certeza que PSDB haverá de ficar contente com a decisão", afirmou. Ele também minimizou o fato de Bonifácio ter votado a favor de Temer na primeira denúncia. "É uma nova realidade e confio muito na decência e na experiência do deputado Bonifácio", disse.
PROCEDIMENTO– Coordenadores de bancada fizeram reunião, ontem, quando decidiram manter o mesmo procedimento que foi adotado na análise da primeira denúncia contra Temer. Pelo acordo, ficou acertado que membros e não-membros da comissão poderão discursar na sessão de análise da Solicitação de Instauração de Processo (SIP) 2. Assim, membros poderão falar por até 15 minutos, não-membros por até 10 minutos e também será concedido tempo extra para líderes de bancada se pronunciarem. Ficou autorizada a participação de 40 não-membros na sessão de debates (20 contra a denúncia e 20 a favor). Também ficou acertado que não haverá votação depois da meia-noite.
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