Agência Brasil - Michèlle Canes
O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e ex-chefe de gabinete do ex-presidente Lula, Gilberto Carvalho, disse hoje (25) que a acusação de que houve compra e venda de medidas provisórias nos governos de Lula e da presidenta Dilma Rousseff é absurda.
“O que ofende o bom senso é essa acusação de que o governo federal, o Executivo, vendeu, trocou MP [medida provisória] por benefício. Isso é um absurdo total”, disse o ex-ministro a jornalistas após prestar depoimento na audiência que ouviu testemunhas indicadas por réus de uma ação penal decorrente da Operação Zelotes.
A operação, deflagrada pela Polícia Federal, investiga a manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, além da suposta compra de medidas provisórias.
Segundo Carvalho, a acusação contra o governo não tem fundamento. “O que esses senhores, acusados, fizeram ou não fizeram junto às suas empresas eu não sei, mas do ponto de vista do Executivo, aí sim eu ponho a mão no fogo total”.
Críticas
O ex-ministro criticou a Zelotes e disse que o foco da operação foi desviado. “O que me ofende é ver a Operação Zelotes abandonar completamente o foco principal, que é buscar recursos de volta para o país daqueles que sonegaram e focar em um assunto muito particular”, disse. Segundo ele, a operação agora "tem um foco no presidente Lula".
"Passou a ser um objeto de busca, de perseguição do presidente Lula. Eu só estou nessa história por causa do presidente Lula”, completou.
Durante o depoimento, Carvalho negou que conheça o lobista Alexandre Paes, preso pela operação em setembro do ano passado. “Nunca estive com o senhor Alexandre. Não o conheço. Nunca tomei café com ele”.
Gilberto Carvalho foi uma das testemunhas ouvidas na audiência de hoje. Lula também estava entre as testemunhas arroladas, mas a defesa de Paes dispensou o depoimento do ex-presidente.
Segundo o advogado de Paes, Marcelo Leal, na última sexta-feira (22), os advogados de Lula apresentaram uma petição alegando que as informações sobre as medidas provisórias já foram dadas pelo ex-presidente em depoimento à Polícia Federal. “Passei a tarde reunido com os colegas que me auxiliam na defesa e chegamos à conclusão de que, de fato, aquilo que constava do depoimento prestado pelo ex-presidente Lula no Inquérito 1.621 era suficiente para a prova que pretendíamos produzir dentro deste processo”, disse o advogado.
Lobby
Segundo Leal, as testemunhas ouvidas na manhã de hoje vão auxiliar a defesa a mostrar que o lobby é uma atividade lícita. A defesa tomou, entre outros, depoimento da professora Andrea Cristina Gozzeto, que tem estudos sobre a atividade. “A primeira [testemunha] possui doutorado, pós-doutorado sobre o tema de lobby. [Foi chamada] para que esclarecesse os conceitos básicos de lobby que parecem ter sido esquecidos, ou convenientemente esquecidos, pela acusação” disse Leal.
“Na verdade, o que nós sustentamos é que a atividade do meu cliente foi uma atividade licita, porque a atividade de lobby é uma atividade licita e que foi indevidamente criminalizada”, acrescentou o advogado.
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