Governo Federal diz que analisa o que aconteceu com tanques-rede de projeto milionário abandonados no molhe do Recife
O governo Federal informou ao Blog de Jamildo que analisa o que aconteceu com tanques-rede de projeto milionário abandonados no molhe do Recife, conforme relatado em reportagem por Marília Banholzer, repórter do Portal NE10, para a coluna eletronica.
A resposta veio em uma nota telegráfica. “O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está analisando o caso”. A reportagem do Ne10 entrou em contato com o Ministério da Pesca na segunda-feira, mas não obteve retorno.
Um monumento ao desperdício do dinheiro público, bem na entrada do porto do Recife, em frente às torres gêmeas.
Restos de um projeto visionário do governo Lula orçado em R$ 10 milhões estão boiando nas água do Rio Capibaribe, mais precisamente no molhe do Recife, próximo ao restaurante Casa de Banho. As pessoas que circulam pela região podem notar três grandes estruturas arredondadas feitas de plástico, abandonadas no local. Poucos sabem o que é. Os objetos são parte do que seriam tanques-rede para criação em cativeiro do peixe cação de escama, também conhecido como beijupirá.
Para um breve resumo histórico: em 2009, a empresa Aqualíder, com apoio do então presidente Lula, ao lado do prefeito do Recife, João da Costa (PT), e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com dinheiro do Ministério da Pesca e Aquicultura, implantou o que prometia ser a primeira fazenda marinha de criação de peixes do Brasil. O peixe, difícil de ser encontrado na costa brasileira, chegou a ser criado em cativeiro. Mas, no final de 2010, o projeto naufragou, junto com o investimento milionário – que foi destaque nos jornais.
O pedreiro Luciano Rosendo, 36 anos, vai até os arcos de plástico para pescar por hobby durante a semana. Ele que disse que há cerca de cinco anos o material está no local levando apenas curiosidade a quem passa.
“Já coloquei a mão, aqui embaixo não tem rede, só junta uns mariscos. Além disso, já joguei a rede dentro e não tem nada que não tenha fora”, disse ele, que nem sabe que caminha sobre tanques-rede que foram importados do Chile por US$ 35 mil cada.
Hoje, as estruturas – praticamente – não têm dono.
A reportagem entrou em contato com o Porto do Recife, responsável pela regulação do uso da área onde as boias estão depositadas, para saber qual prosseguimento seria dado àquelas peças. Através da comunicação social do órgão, a resposta dada foi de que o assunto deveria ser respondido pela Aqualíder ou pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), instituição que apoiou a implantação da fazenda de beijupirá.
A empresa privada, idealizadora do projeto, sumiu do circuito. Não há mais site ativo e os telefones relacionados à Aqualider não funcionam. O que se sabe é que o empreendimento fechou as portas em silêncio, na época, com o argumento de que, entre os motivos, estava a má qualidade da ração fornecida no Brasil, problemas ambientais e até um acidente com um barco pesqueiro.
Já a UFRPE afirmou, em nota, que “a respeito da fazenda marinha de beijupirá, inaugurada entre 2008 e 2009, em Pernambuco, a UFRPE esclarece que forneceu apoio técnico ao projeto, que era de responsabilidade da empresa Aqualíder. Esse apoio foi com pesquisadores do Departamento de Pesca da UFRPE, tanto no fornecimento de consultoria técnica quanto no treinamento com pescadores, na fase inicial de implantação. A partir desse momento, a execução das atividades permaneceu sob responsabilidade da empresa Aqualíder.”
A reportagem também entrou em contato com o Ministério da Pesca, mas não obteve retorno.
HISTÓRICO – Polêmico, o projeto de criação de uma fazenda de beijupirá na costa pernambucana chegou a ser acusado de “privatização do mar”, por associações de pescadores da Região Metropolitana do Recife.
A proposa era instalar 48 tanques numa distância de 11 km das praias da Zona Sul do Recife, mas apenas quatro saíram do papel. No primeiro – e único – ano da fazenda de beijupirá, cerca de 40 toneladas de peixe foram retirados do mar.
O projeto, que levou cinco anos para virar realidade, era a concretização de um plano nacional que demorou cerca de 15 anos para ser desenvolvido.
A proposta de desenvolver o cultivo de peixes em fazendas marinhas e continentais solucionaria o problema do déficit de estoques pesqueiros do País.
Nossos peixes vão continuar morrendo de velhice mesmo. Não correm risco algum de serem pescados, nem em cativeiro.
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