O senador Delcídio do Amaral permanecia até ontem indeciso sobre a possibilidade de aderir à delação premiada. Ele demonstrava a quem o visitou nesta semana que, se tivesse segurança de que poderia ser solto em breve pelo STF (Supremo Tribunal Federal), preferiria ficar de boca calada. A informação é de Mônica Bergamo na sua coluna desta quinta-feira na Folha de S.Paulo.
Os advogados, no entanto, não têm como dar essa garantia a Delcídio. "A delação premiada seduz justamente pela certeza que o réu tem do que vai acontecer em sua vida", afirma um dos interlocutores do senador. Já o processo normal não ofereceria "certeza alguma".
Pesa contra a delação o fato de que um colaborador da Justiça dificilmente consegue retomar a rotina profissional, nem na esfera pública nem na privada. "A pessoa vira apenas um ex-delator", afirma o mesmo amigo de Delcídio que já conversou com ele sobre o tema.
A previsão é de que o STF julgue os próximos recursos que serão apresentados pela defesa do senador em três meses. Ele mostra exaustão e, segundo amigos, talvez não suporte ficar por mais todo esse período preso, em especial por causa da família.
A possibilidade de delação de Delcídio, que voltou a se queixar de Lula, do governo e do PT, como antecipou a coluna na terça, é a que mais assusta a equipe da presidente Dilma Rousseff e também o PT.
Até agora, a presidente passou por constrangimentos quando empreiteiros ou ex-executivos da Petrobras relataram contribuições à sua campanha ou às de ministros. Com Delcídio seria diferente. Como líder do governo, ele fez por muito tempo parte da "inteligência" da administração, participando inclusive da discussão de estratégias políticas e jurídicas para blindá-la. Foi, também, presidente da CPI que investigou o mensalão, maior escândalo do governo Lula.
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