Folha de S.Paulo – Marina Dias, Daniel Carvalho e Gustavo Uribe
Sob risco de ficar isolado nasucessão presidencial, Michel Temer decidiu fazer gestos públicos aos principais atores de seu bloco político para tentar recuperar influência na construção das alianças da próxima eleição. Nos últimos dias, o Planalto deu sinais de reaproximação com Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto apresentou restrições a uma possível candidatura de Henrique Meirelles (DEM).
A ideia original de Temer e seus auxiliares era organizar, em parceria com Maia, uma coalizão única dos partidos governistas. Esse grupo lançaria um candidato para defender a gestão do presidente e disputar com o tucano o eleitorado localizado mais ao centro do espectro político.
Os principais ministros de Temer estavam incomodados, desde o fim do ano passado, com o fato de Alckmin ter acelerado as negociações com parte dessas siglas de maneira isolada, minando a unidade do bloco. Além disso, os aliados do presidente acreditavam que os movimentos de Maia para tentar viabilizar uma candidatura majoritária reduziriam o protagonismo de Temer como líder dessa aliança.
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", na quarta-feira (10), Temer tentou recuperar essa posição para as negociações que se darão nos próximos meses.
Ele minimizou a expectativa de seu ministro da Fazenda disputar a Presidência com apoio do bloco governista. "Ele seria um grande presidente, mas, para mim, é claro que é muito melhor que fique na Fazenda", disse.
O presidente também investiu contra os movimentos de Maia, que em poucos meses fechou acordos com dois partidos dessa coalizão (PP e Solidariedade) e abriu negociações com o PR, ao receber nesta quinta (11) o ex-deputado Valdemar Costa Neto.
Segundo auxiliares, Temer percebeu que Maia começava a aglutinar um bloco partidário próprio, que poderia, em última instância, excluir o presidente e seu partido, o MDB, das negociações. Com as recentes declarações, Temer quis mostrar que ainda é um ator importante para a montagem da aliança. O aceno a Alckmin sinaliza que o presidente poderia ajudar o governador paulista na construção de acordos com partidos de sua base.
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