Rudolfo Lago – Blog Os Divergentes
O rolo em torno da nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB) para o Ministério do Trabalho é mais uma daquelas histórias que parecem ser possíveis apenas neste país cujo sobrenome a ministra barrada compartilha. Assim como a história do compromisso político para manter diretores denunciados na Caixa Econômica Federal. Ter uma ministra do Trabalho impedida pela Justiça justamente porque não cumpriu as regras da legislação trabalhista é uma daquelas piadas prontas que qualquer estrangeiro custa a acreditar que seja verdade.
Ou tentar manter nos cargos pessoas denunciadas – neste ponto, o presidente Michel Temer acabou cedendo depois de receber recomendação do Banco Central para fazer o afastamento e depois de ser avisado de que ele também poderia acabar responsabilizado caso não afastasse os diretores. São coisas que fazem com que o Brasil – nome ou sobrenome – não seja, como disse certa vez o maestro Tom Jobim, “para principiantes”.
O mico de sobrenome Brasil, portanto, fica na conta das dificuldades que a realidade política impõem ao governo. Há, no caso, no entanto, ainda um outro aspecto. A atual força do Judiciário na formulação de decisões que hoje acabam extrapolando a mera esfera jurídica e acabam entrando na própria esfera política. Já há tempos a Justiça brasileira, diante das fraquezas do Congresso e dos rolos do Executivo, legisla e toma decisões administrativas. Independentemente das próprias alegações jurídicas de cada caso, é inegável que esse peso maior adquirido pelo Judiciário é um componente importante a engrossar ainda mais esse caldo complicado do atual momento político brasileiro.
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