Blog do Josias
Passado o impeachment de Dilma Rousseff e a cassação de Eduardo Cunha, há um vazio em Brasília. Sem mais espantalhos para chutar, as tribos políticas voltaram seus olhares quase que integralmente para as eleições municipais. E não restou aos desempregados senão rezar para que Deus dê uma prova de sua existência aparecendo na forma de um contracheque.
Nesta sexta-feira, o Ministério do Trabalho informou que o Brasil perdeu 1,51 milhão de empregos com carteira assinada em 2015. É o pior resultado em 31 anos. Num instante em que o total de desempregados roça a casa dos 12 milhões, notícias como essa potencializam o paradoxo que embaça a atividade política. Hoje, os brasileiros são incapazes de reconhecer a utilidade da política. E os políticos são incapazes de demonstrá-la.
O desemprego herdado da gestão Dilma dá a Michel Temer a ilusão de que sua preocupação é útil. O desemprego dá aos ministros a oportunidade de fazer rostos graves, frontes crispadas. O desemprego dá ao pedaço da plateia que ainda dispõe de salário para encher a geladeira a impressão de que o novo governo está se movendo. Mas nada se move, a não ser os índices de desemprego, que sobem.
Diante do desemprego a eterna rinha política, o 'nós contra eles', o dia que eu chuto… Tudo isso ganha ares de insensatez. Imagine a cena: quatro amigos numa mesa de bar, na calçada. Travam uma dessas conversas engajadas. Esbarram em indagações transcendentais. O PT é melhor que o PSDB? O PMDB é a favor de tudo ou é contra qualquer outra coisa? O populismo estragou o Brasil? O liberalismo vai salvar o país? Súbito, um sujeito cabisbaixo aborda o grupo: “Podem me pagar um almoço, tô desempregado?”
Ou os políticos começam a cuidar do que é essencial ou logo, logo haverá brasileiro se perguntando: E se a democracia for isso mesmo?
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