Por José Nivaldo Junior*
Maquiavel é visto por muitos como o inventor do maquiavelismo. Errado. Apenas emprestou seu nome. A política já era maquiavélica muito antes dele, e continua assim até hoje.
Maquiavel diz em "O Príncipe" que evitar a transgressão dos costumes e adaptar-se a circunstâncias imprevistas é uma das principais fórmulas para a permanência no poder.
Não é muito diferente o que estamos assistindo no Brasil de hoje.
Muita gente ainda não entendeu o jogo e a estratégia do presidente Temer. São muitos os analistas que discorrem sobre a realidade sem levar em conta os objetivos presidenciais por trás das aparências.
O governo parece às vezes um badalo de sino. Vai para onde a corda puxa. Mas é engano que isso seja algo sem sentido.
Michel Temer é um dos mais experientes e articulados políticos em atividade no Brasil.
Conhece melhor que ninguém as complexidades que cercam seu governo, desde a resistência dos grupos apeados do poder, aos possíveis desdobramentos da operação Lava Jato.
Por isso, vem desenvolvendo desde a primeira hora uma estratégia que visa um só resultado e na qual aposta todas as suas fichas: a realização das reformas que o País precisa e a retomada do crescimento e do emprego.
Para alcançar isso, tem cultivado e acalmado as bases parlamentares que lhe dão apoio e boas relações com o judiciário, de onde pode vir a única ameaça real ao seu mandato.
O afago à opinião pública, o aplauso da imprensa, os índices de popularidade (crescendo já, devagar e sempre), nada disso importa ainda. A hora dessas conquistas chegará, se chegar, no rastro da recuperação econômica. Sem ela, nada feito.
O que Temer está exercitando é o seu único caminho para o sucesso. É aguardar para ver.
Enquanto isso, algumas coisas estão claras: a democracia e a liberdade estão plenamente preservas, embora não custe ficar alerta; o povão não ganha nada e não acompanha a proposta pouco inteligente do "quanto pior, melhor";
E finalmente, pregar a deposição de um governo legal quando não se tem sequer uma opção, nem de modelo nem de liderança, para propor ao País, parece uma contra-estratégia cada vez mais esvaziada e menos eficaz.
*Publicitário e membro da Academia Pernambucana de Letras.
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