Carlos Chagas
Dizia a finada Lei de Imprensa que toda noticia deveria ser honesta e verdadeira, valores que o Código de Ética dos jornalistas ainda conserva. O Congresso revogou a lei, deixando o vazio em seu lugar. Esse é o problema. Porque além dos vícios da informação, não raro eivada de desonestidade e de mentira, existe outro pecado capital em nossa atividade. Trata-se da não-informação. Da omissão de notícias que deveriam ser, além de honestas e verdadeiras, apresentadas à opinião pública, mas não são.
Tome-se as pesquisas eleitorais. Discute-se a sua realização, isto é, se devem acontecer, em especial às vésperas das eleições quando poderão influenciar o eleitor menos esclarecido. Admitidas, porém, como um aprimoramento democrático, sendo honestas e verdadeiras, o que dizer de sua omissão, de acordo com os interesses dos proprietários dos meios de comunicação?
Em condições normais de temperatura e de pressão, em especial em épocas de crise, as pesquisas eleitorais costumam ser valorizadas na confecção das edições impressas, televisadas e eletrônicas. Balizam as atenções e até reforçam as tendências.
É de estranhar, assim, as omissões deliberadas das consultas populares realizadas nos últimos meses. Alguns veículos ainda apresentam, diluídos e condenados a páginas internas, meras referências aos resultados. A maioria, no entanto, as ignora olimpicamente, quando ainda recentemente ganhavam as primeiras páginas.
Por que? Porque os barões da imprensa vem tendo contrariados seus desejos. Empenharam-se em ampla campanha para desmoralizar o PT, iniciativa até louvável para compensar o mal praticado pelo partido, mas não tem o direito de ignorar as preferências do partido e da maioria do eleitorado em torno da candidatura do Lula. Porque mesmo nas entrelinhas, os resultados indicam que o ex-presidente seria eleito até no primeiro turno. É muito cedo para conclusões, o ex-presidente poderá se dar mal. Mas hoje, a notícia é essa, que a mídia deveria divulgar por obrigação ética, mas não divulga.
Honestidade e verdade parecem mercadoria em falta, nas prateleiras dos meios de comunicação.
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