Na caravana pelo Nordeste, o ex-presidente Lula (PT), que chegou, ontem, ao Recife, não tem poupado o Governo Temer nem tampouco aliados, como a ex-presidente Dilma. No sábado passado, em Feira de Santana, Bahia, disse que se o PT eleger o próximo presidente da República fará melhor, porque agora saberá em quem confiar. Mas no dia seguinte se abraçou, sem o menor constrangimento, ao senador Renan Calheiros, em Alagoas.
Só para refrescara memória: Renan responde a 12 apurações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF). São 11 inquéritos abertos e um dependente de um despacho do ministro Dias Toffoli para ser iniciado. Renan só não é réu em ação penal porque o STF, há mais de três anos e meio, até hoje não julga o recebimento de uma denúncia oferecida pelo então procurador-geral da República Roberto Gurgel em janeiro de 2013.
Na Lava-Jato, quatro colaboradores da operação acusaram o parlamentar de receber cerca de R$ 90 milhões em propinas. Renan tem dito que “jamais recebeu vantagens de qualquer pessoa”. Segundo sua assessoria, ele tem reafirmado que “delações não confirmadas deveriam servir para agravar a pena dos autores e não livrá-los da cadeia”. Em 2007, o senador passou por um dos maiores abalos em sua carreira. Foi acusado pela jornalista Mônica Veloso, mãe de sua filha, que pagava a pensão alimentícia com dinheiro de um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
No Conselho de Ética, os relatores apontaram que Renan fez emenda em benefício de obra tocada pela construtora. O senador apresentou documentos de venda de gado para comprovar que tinha patrimônio para bancar as despesas pessoais por conta própria. Mas a Procuradoria-Geral da República o denunciou por falsificação ao entender que as guias de trânsito animal (GTA) eram forjadas. Além disso, haveria desvio de dinheiro de sua verba de gabinete. Para fontes que acompanham o caso, ao menos um dos crimes já prescreveu. O caso está parado. O STF ainda não julgou o recebimento da denúncia.
Na Operação Zelotes, relatório da Polícia Federal e da Receita aponta que ele, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF) teriam se beneficiado com R$ 15 milhões em propina cada um. Em troca fariam emenda em medida provisória em favor de redução de impostos de montadoras de automóveis. O caso está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski. Os políticos negam. Gim está preso e condenado em Curitiba na Operação Lava-Jato.
É com figuras da República deste quilate que Lula quer corrigir erros do passado e fazer melhor? Quem é capaz de acreditar em tamanha enganação? O Brasil está mergulhado na mais profunda crise moral, ética e financeira da sua história porque foi o próprio Lula que busca essa mesma gente para dividir os louros do poder. Mas, felizmente, a justiça está dando sinais de que funciona. Muitos que Lula botou no esquema já estão presos. E ele próprio já foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro.
TASSO PERMANECE– O presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse, ontem, que o senador Tasso Jereissati (CE) ficará na presidência do partido, de forma interina, até dezembro, quando deve acontecer a convenção nacional que escolherá o novo presidente da sigla e o candidato tucano à Presidência da República nas eleições de 2018. Aécio fez a declaração após se reunir com parlamentares do PSDB e presidentes dos diretórios estaduais, na sede nacional do partido, em Brasília. "Nós temos uma relação pessoal extraordinária, o que nos permite divergir sobre determinadas questões. Mas as divergências foram superadas e nós continuaremos na nossa trilha de construir um projeto para o país, e isso pressupõe um PSDB unido”, afirmou.
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