O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, reagiu enfaticamente às críticas da Procuradoria da República que pede sua suspeição e impedimento por mandar soltar o empresário Jacob Barata Filho, o ‘rei do ônibus’. Ele atacou o que chama de ‘inversão’ de valores.
“Se isso acontecer, o rabo abana o cachorro”, disse o ministro.
“Aí, o Supremo passa a ser um órgão inferior em relação a promotores e juízes”, argumenta.
Em 24 horas, entre quinta-feira, 17, e sexta, 18, Gilmar despachou duas vezes, esticando um habeas corpus em favor do ‘rei do ônibus’. Ele revogou decreto de prisão preventiva expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio.
Barata é o alvo maior da Operação Ponto Final, desdobramento da Lava Jato que desmontou esquema de corrupção no setor de transportes do Rio.
Os procuradores se apegam ao fato de Gilmar ter sido padrinho de casamento da filha de Barata Filho, Beatriz, em julho de 2013. E que sua mulher, Guiomar Mendes, trabalha num escritório de advocacia que defende investigados da Lava Jato, o escritório Sergio Bermudes.
“As regras de impedimento e suspeição para atuar no processo estão previstas em lei”, diz o ministro. “A minha mulher é tia do noivo. Era madrinha. Eu a acompanhei. Só. Não tenho qualquer relacionamento com a família (Barata). A primeira vez que os vi e isso foi só. Além disso, o casamento se desfez em seguida. O casal se separou. Eu não tenho nenhuma relação.”
O ministro mostra indignação com o cerco que sofre cada vez que manda soltar algum investigado da Operação Lava Jato.
“Toda vez que se concede habeas corpus vem essa onda toda. Eles imaginam que não se pode soltar as pessoas, não pode dar liberdade.”
“Você sabe como é a vida pública. Se a gente ficar impedida de julgar todas as pessoas com quem cruzamos ia ser uma tragédia. Não poderia nem julgar. Eu dei habeas corpus para o Edinho (filho de Pelé). Conheço o pai dele. Então, estava impedido?” (AE)
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