Folha de São Paulo
O ex-ministro e pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou que será difícil sustentar que o impeachment foi um golpe com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdoando e "confraternizando com os golpistas".
Em Belo Horizonte, Ciro comentou o discurso de Lula na semana passada, também na capital mineira, de que estava "perdoando os golpistas".
"Esse gesto de perdoar não toca a ele. O golpe não foi contra ele, foi contra a nação, a democracia. E ele se dá a faculdade, sendo candidato, de confraternizar com os golpistas", disse Ciro sobre Lula.
"Como vamos sustentar que houve um golpe de Estado no Brasil se 'São Lula' perdoou? Eu não perdoei", completou.
Ciro mencionou o abraço de Lula com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) durante passagem do petista pelo Nordeste. Também em Minas, a caravana de Lula teve apoio de deputados e prefeitos de oposição, inclusive do PMDB.
PUDOR
O ex-ministro, que falou a estudantes da UFMG sobre economia, voltou a criticar a candidatura do ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD). Pela manhã, em BH, ao ser questionado por jornalistas, Ciro falou que "faltava pudor".
À Folha Ciro comentou sua declaração e disse novamente que "uma certa elite brasileira, nem estou falando de Meirelles, perdeu o pudor".
Meirelles mantém parte de seus recursos em um paraíso fiscal, conforme revelaram documentos vazados e chamados de Paradise Papers. Ele afirma que os recursos foram declarados à Receita e ao Banco Central.
Ciro afirmou que o recado de Meirelles para a sociedade, ao colocar seu dinheiro no exterior, é de que não quer pagar imposto, não quer que o povo saiba quanto dinheiro ele tem e não confia no sistema financeiro "que toca a ele garantir que é sadio".
"Isso credencia alguém que tenha um mínimo de pudor a se propor a vida pública? É legal e declarado, mas para a vida pública não basta ser legal e declarar", disse. "O ministro da Fazenda quer ser presidente do país em que ele não confia pra botar sua poupança."
MESMA MATRIZ
Sobre a reforma da Previdência, Ciro disse que a batalha para barrá-la está sendo ganha, "apesar da passividade do povo, do silêncio, há uma expressão de antagonismo que a inteligência política de Brasília capturou".
Ciro afirmou ainda que PT, PMDB e PSDB são a mesma matriz e que a eleição de 2018 será, como a de 1989, de um fim de ciclo. "O ajuntamento dos partidos já deu."
"O chefe do Banco Central de Lula é Meirelles. Aí tem um golpe e o ministro da Fazenda do golpe é o Meirelles. Tem alguma coisa errada nisso, está na hora de dizer que o rei está nu."
Ainda sobre a eleição, Ciro disse que o cenário depende de duas variáveis, a candidatura de Lula, ameaçada por uma condenação em segunda instância, e da posição do PSDB.
"O PSDB vai carregar a alça do caixão do governo Michel Temer [PMDB] ou vai simular para o povo que é oposição? Depois de roer o osso, vão simular um rompimento."
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