Se o presidente já não precisa mais do PSDB, o PSDB também não quer mais ser identificado com o governo do PMDB
João Domingos, O Estado de S.Paulo
Dificilmente o presidente Michel Temer conseguirá segurar no cargo os ministros do PSDB. Não só por causa da pressão do grupo que forma o chamado “Centrão”, que quer o PSDB fora e tem mantido um bom índice de fidelidade a Temer, mas também porque, se não fizer nada, Temer corre o risco de ser atropelado pelo desembarque dos tucanos.
A rigor, Temer não precisa mais do PSDB, pois já se livrou das duas denúncias feitas contra ele pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Os votos do PSDB foram importantes para mandar as ações para o arquivo, mesmo que o partido não tenha lhe garantido nem a metade deles. Se Temer já não precisa mais do PSDB, o PSDB também não quer mais ser identificado com o governo do PMDB. Como disse Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado no Estado de domingo, 5, os tucanos correm o risco de se tornarem coadjuvantes na eleição presidencial do ano que vem se permanecerem no governo.
Agora que desistiu de tentar aprovar a reforma da Previdência, e passou essa tarefa para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Temer sabe que tem condições de sobreviver até o fim do mandato só com a parceria dos partidos que se mantiveram fiéis a ele e que estão de olho nos ministérios dos tucanos. Projetos mais polêmicos poderão ser negociados com as bancadas, um a um.
A partir de maio o Congresso será esvaziado, pois todo mundo vai mesmo é cuidar da eleição. Por certo, o barulho em torno de Temer será bem menor.
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