Operação Lava Jato: O secreto propinoduto da Odebrecht da Europa até os políticos da América Latina
Por meio de banco em Andorra, empresa pagou o equivalente a 650 milhões a 145 políticos e servidores
Papéis aos quais o EL PAÍS teve acesso mostram os documentos usados para abrir as contas no principado
El País - José Maria Irujo e Joaquin Gil
Madri - A Odebrecht, gigante brasileira da construção que protagonizou o maior escândalo de propinas no continente americano, pagou 200 milhões de dólares (650 milhões de reais) em propinas a políticos, funcionários, empresários e supostos “laranjas” de oito países da América Latina através do Banca Privada d'Andorra (BPA), de acordo com relatórios confidenciais da polícia do principado.
Os rastreadores da Polícia Judiciária e de Investigação Criminal de Andorra sob as ordens da juíza Canòlic Mingorance calcularam esse valor depois de examinar as contas de 145 clientes apresentadas ao banco pela maior empreiteira da América Latina. Uma empresa gigante com 168.000 funcionários e tentáculos em 28 países.
O Governo de Andorra interveio em março de 2015 no BPA por um suposto crime de lavagem de dinheiro. O Departamento do Tesouro dos EUA informou que tinha denunciado esta entidade por acolher fundos de criminosos da Rússia e da China. Andorra, sob pressão internacional, renunciou no ano passado ao sigilo bancário.
O EL PAÍS teve acesso à documentação confidencial que políticos, altos funcionários de Governo, advogados e laranjas do Equador, Peru, Panamá, Chile, Uruguai, Colômbia, Brasil e Argentina apresentaram ao BPA para abrir suas contas secretas. A Odebrecht transferiu para essas contas valores milionários mascarados como serviços que nunca realizou.
A revelação inclui centenas de documentos, como passaportes, cartas de apresentação, questionários confidenciais de clientes e relatórios sobre a avaliação de risco. Também inclui as atas das empresas do Panamá, das Ilhas Virgens e de Belize que os principais protagonistas da trama Odebrecht usavam para operar. Uma bomba política que revelou pagamento de propina em 12 países da América Latina e cujos estilhaços já impactaram os presidentes Michel Temer (Brasil), Juan Manuel Santos (Colômbia) e Danilo Medina (República Dominicana). E também os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Ollanta Humala (Peru), que está preso pelo escândalo.
O BPA de Andorra e o Meinl Bank de Antígua e Barbuda (país do Caribe) foram os principais bancos utilizados pela empresa de Marcelo Odebrecht, atualmente na prisão, para o pagamento de subornos a atores centrais na distribuição de obras públicas.
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