A situação do ministro Romero Jucá é insustentável. Para não constranger nem atrapalhar o presidente Michel Temer, ele se antecipou e saiu de licença, mas não existe licença ministerial. Ou é ministro ou não, Jucá quer criar um meio termo que não existe. A sua queda, o primeiro de uma penca de sete ministros citados ou denunciados na operação Lava Jato, é a crônica de uma saída antecipada. Custo acreditar que Temer não tinha conhecimento das implicações do auxiliar no esquema da Petrobras.
Tanto tinha que numa entrevista à Globo News, quando provocado sobre as denúncias que pesavam contra Jucá, afirmou confiar na versão dele de que o dinheiro doado por empresas envolvidas no desvio fenomenal da Petrobras tinha sido devidamente registrado, estando na prestação de contas da sua campanha à justiça eleitoral. Temer confiou e arriscou como está arriscando com Henrique Eduardo Alves e mais cinco ministros citados na Lava Jato.
Jucá era tudo que o PT queria neste início de Governo Temer, para instalar um clima tenso e de instabilidade. Mas o presidente tem como se livrar do problema. Basta afastá-lo sumariamente e definitivamente do cargo. Não pode cometer o pecado de Lula e Dilma, que passavam a mão na cabeça de ministros envolvidos em todo tipo de gatunagem, deixando o Governo sangrar. Quando agia, já era tarde, o mal já havia se espalhado provocando danos irreparáveis.
O PT já quer fazer de Jucá o Delcídio do Governo Temer, mas os casos são bem diferentes. Então líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral tentou obstruir o andamento das investigações da Lava Jato facilitando a fuga do País de um investigado, sendo preso em flagrante. Jucá fala em postergar, crime também grave, mas nem de longe algo que possa parecer com o crime tipificado por Delcídio.
Desenvolto no Congresso, Jucá vinha ajudando Temer na interlocução política com a Câmara e o Senado para aprovar esta semana a meta fiscal do Governo e em seguida as medidas necessárias ao ajuste fiscal, que passam também pela reforma da Previdência. Até o momento, Temer tem acertado na economia, montando um time gabaritado, de altíssimo nível, mas seus pecados na política continuam um atrás do outro e podem ser fatais.
GOVERNO TEMERÁRIO– O presidente interino Michel Temer erra também nos recuos dados. Ao desistir da fusão do Ministério da Cultura ao de Educação se rendeu às pressões de uma elite intelectual que não quer largar o osso de patrocínios da Lei Roanet, de artistas que tinham apaniguados na estrutura com supersalários. Abriu, consequentemente, um precedente. Pode ser interpretado como o chefe que se vence no grito. Se hoje foram os artistas, amanhã poderão ser, como exemplo, os negros brigando pela volta do Ministério da Igualdade Racial.
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