Agência Reuters - Thales Carneiro
Ativistas norte-americanos do movimento anti-racismo "Black Lives Matter" marcharam com companheiros brasileiros pelo centro do Rio de Janeiro, neste sábado, para protestar contra a violência policial, às vésperas da primeira Olimpíada da América do Sul, que a cidade sedia no próximo mês.
Os ativistas, mais conhecidos pelas suas campanhas contra a brutalidade da polícia e o uso de perfis raciais nos Estados Unidos, viajaram ao Rio de Janeiro para destacar semelhanças com suas causas no Brasil.
O país, o maior da América Latina, tem mais de 200 milhões de habitantes, a maioria dos quais identifica-se como negros ou pardos. Os que têm a pele mais escura, no entanto, enfrentam restrições econômicas e sociais, em comparação com os brancos, assim como um índice dramaticamente maior de conflitos com a polícia.
Organizado por um grupo de seis ativistas associados com o movimento norte-americano, a marcha de sábado incluiu aproximadamente 200 ativistas brasileiros e uma cerimônia na Candelária, o local de um massacre em 1993, no qual um esquadrão de extermínio, que incluiu policiais de folga, matou oito crianças e adolescentes que dormiam nos degraus da igreja.
"O mais importante que podemos fazer é construir juntos e mobilizar nosso povo para espalhar a mensagem", disse Daunasia Yancey, ativista de Boston do Black Lives Matter, notando o que ela chamou de índices "astronômicos" de mortes entre negros em conflitos com a polícia no Brasil.
Mesmo na preparação para sediar a Olimpíada, que começa em 5 de agosto, o Rio está sofrendo com uma onde de crimes em meio à recessão econômica, o crescimento do desemprego e cortes no orçamento de segurança.
Apesar de melhoras pequenas, mas graduais, na violência policial ao longo das últimas duas décadas, mesmo as autoridades brasileiras reconhecem níveis ainda assombrosos de uso de força letal pelos policiais no Rio e em outras grandes cidades.
Ao longo de maio, o último mês em que há estatísticas disponíveis, 322 pessoas morreram em conflitos com a polícia do Rio de Janeiro, um aumento de 5,6 por cento em comparação com 2015.
De acordo com um recente relatório da Human Rights Watch, uma organização não governamental, a polícia, no decorrer da última década, matou mais de 8,000 pessoas no estado do Rio de Janeiro, 75% dos quais eram homens negros.
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