Lula participa de ato da Frente Brasil Poular, em Caruaru(PE)
Fernando Canzian - Folha de S.Paulo
Ao longo dos governos do PT, especialmente nos Lula 1 e 2, o Nordeste foi a região que mais cresceu e foi beneficiada pelas políticas de inclusão social que mudaram o cenário da economia brasileira nos últimos anos.
Não por acaso, a região ainda muito pobre (com metade dos beneficiários do Bolsa Família) e populosa (segundo colégio eleitoral, atrás do Sudeste), foi determinante nas duas vitórias de Lula e de Dilma Rousseff à Presidência.
Hoje, o Nordeste é uma das regiões que mais sofrem com o resultado das políticas desastrosas de Dilma, sobretudo por conta do descontrole da inflação entre os mais pobres e beneficiários do Bolsa Família.
É no Nordeste onde se concentra a maior taxa de desemprego no país. A desocupação atingiu 12,8% no primeiro trimestre, bem acima da média geral de 10,9%.
Entre janeiro e março, houve aceleração das demissões, com mais 800 mil pessoas engrossando o total de desempregados, que atingiu 3,2 milhões nos nove Estados da região.
Mesmo assim, e depois do petrolão, do afastamento de Dilma e das ameaças policiais contra Lula, o Nordeste segue como o último grande sustentáculo do lulismo e do PT.
Segundo o último Datafolha (14 e 15.jul.), o petista lidera ou empata com Marina Silva (Rede) justamente por conta do Nordeste.
No cenário em que se coloca Aécio Neves como a opção tucana, Lula oscilou positivamente dois pontos de dezembro para cá (de 20% para 22%) considerando os votos totais.
Mas ele deu um salto, apesar de tudo, entre os eleitores do Nordeste: passou de 33% para 39% (mais da metade do que tem Marina). Espontaneamente (quando se pergunta em quem o eleitor votaria, sem apresentar nomes), 12% dizem Lula (2% Marina e 3% Aécio).
É na região também que a maioria da população (51%) ainda se posiciona contra o Senado aprovar o impeachment de Dilma. Na média nacional, são apenas 35%.
Acuado e com membros de seu partido Investigados ou presos, o ex-presidente recorre à sua última "cidadela" em busca de sobrevivência política.
Na semana passada, ele visitou quatro cidades do Nordeste. Assim como Dilma em plateias de apoiadores, Lula se entusiasmou e disse que só não será candidato em 2018 "se o Brasil der certo".
Apesar do apoio nordestino, com rejeição nacional de 53% do eleitorado (que vai a 62% no Sudeste), Lula e o PT precisarão de melhor estratégia além de torcer pela continuidade da verdadeira "bomba" deixada pelo governo Dilma.
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