Pular para o conteúdo principal

Frente à tempestade, Temer ainda vive de vento


Fernando Canzian - Folha de S.Paulo
O governo Michel Temer ainda não produziu fatos que justifiquem tanto o otimismo que toma conta dos mercados internacional e interno em relação ao Brasil. Mas, ao contrário de Dilma Rousseff, delineou nortes: 1) perseguir o equilíbrio das contas públicas; 2) deslanchar concessões na infraestrutura com regras realistas; 3) mudar a orientação da política comercial e; 4) aperfeiçoar programas de distribuição de renda como o Bolsa Família.
São "propostas vento", ainda longe de serem materializadas. E seu governo começou gastando (com funcionalismo) e fala pouco sobre os custos que serão impostos individualmente (no caso da Previdência) e a grupos (em eventuais cortes na saúde e na educação).
Limitar o aumento do gasto e reformar direito a Previdência são agendas abrangentes que nunca foram feitas, e que dependem do Congresso.
Como os mercados vêm "comprando" Temer, o vento a favor atual pode virar tempestade se as coisas começarem a dar errado.
O quadro  mostra que todo os emergentes têm sido beneficiados por investidores internacionais. Mas é o Brasil quem se sai melhor entre vários países, o que explica a valorização recente do real e da Bovespa. Uma reversão das expectativas, portanto, poderá ter impactos maiores justamente sobre nós.
Olhando para trás, aos trancos o Brasil produziu uma série de reformas modernizantes nas três décadas e governos pós redemocratização, em 1985. O país melhorou muito. E Temer agora quase não tem opção, a não ser avançar diante dos retrocessos de Dilma.
Ao assumir em 2011, Dilma já trazia eixos frouxos em seu discurso de posse: "erradicar a miséria", "garantir a estabilidade de preços", "eliminar travas que inibem o dinamismo da economia" e "simplificar o sistema tributário". Não fez nada disso. Na falta de uma agenda realmente ambiciosa e moderna, e ampliando gastos também com fins eleitoreiros, o resultado de seu governo é o que temos hoje: a escancarada insustentabilidade das contas públicas.
Esse talvez seja o maior legado de Dilma.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

'Fi-lo porque qui-lo': aprenda gramática com frase histórica de Jânio Quadros

FI-LO PORQUE QUI-LO                       Vamos lembrar um pouco de história, política e gramática?                     O ex-presidente Jânio Quadros gostava de usar palavras difíceis, construções eruditas, para manter sua imagem de pessoa culta. Diz o folclore político que, ao ser indagado sobre os motivos de sua renúncia, em 1961, teria dito: "Fi-lo porque qui-lo".                     Traduzindo para uma linguagem mais acessível, mais moderna, ele quis dizer "fiz isso porque quis isso", ou, simplificando, "fiz porque quis".                     Esse "LO" nada mais é que o pronome oblíquo "O", que ga...

Vimos ou viemos à reunião?

Nós VIMOS ou VIEMOS à reunião? Muita gente tem dúvida na hora de flexionar o verbo VIR. Quer um exemplo: Como você diria: “Nós VIMOS ou nós VIEMOS à reunião?” A resposta é: depende. Sim, depende do tempo a que nos referimos. A forma VIMOS é do presente do indicativo. Por exemplo:  “VIMOS, por meio desta, solicitar..." (o verbo VIR está na 1ª pessoa do plural, no presente do indicativo); A forma VIEMOS é do pretérito, do passado. Exemplo: "Ontem nós VIEMOS à reunião." (o verbo VIR está também na 1ª pessoa do plural, mas desta vez no pretérito perfeito do indicativo). Muita gente evita usar o presente, porque a forma VIMOS é, também, o passado do verbo VER: "Nós o vimos ontem, quando saía do escritório".  Para não ter dúvidas sobre qual é o verbo que está sendo usado (o VIR ou o VER), ponha o verbo no singular. Veja: “VENHO, por meio desta, solicitar...” (essa é a 1ª pessoa do singular, em vez de VIMOS, 1ª do plural); “Eu o VI ontem, quando saía do escritório” (e...