Folha de S.Paulo – Daniela Lima e Marina Dias
Há duas semanas fotografias de um Luiz Inácio Lula da Silva de camisa social e blazer deram lugar, nas redes sociais, a um retrato em que o ex-presidente aparece de guaiabeira vermelha –uma típica vestimenta cubana– e chapéu de cangaceiro.
Não foi por acaso. A troca é o símbolo mais evidente de uma guinada estratégica que o petista vem formulando internamente para tentar reatar com suas bases eleitorais e sobreviver politicamente.
Não chega, porém, a ser uma tática inédita. Em sua trajetória, o ex-presidente sempre voltou às origens nos momentos de crise.
Mas ele nunca havia passado por uma situação tão dramática. O ex-presidente viu seu patrimônio e legado político derreterem nos últimos meses com o avanço da Operação Lava Jato. Foi denunciado sob acusação de tentar obstruir a investigação e é investigado por suposta ligação com imóveis que teriam sido reformados por empreiteiras alvos da operação.
Segundo a última pesquisa Datafolha, Lula é rejeitado por 46% do eleitorado –o pior índice entre os testados para a eleição presidencial de 2018. Apesar de liderar os cenários para o primeiro turno, não aparece numericamente à frente de nenhuma hipótese de segundo turno.
O ápice do desgaste culminou com o afastamento de sua afilhada política, Dilma Rousseff, da Presidência.
Nesse cenário, Lula decidiu mergulhar no ambiente que lhe é mais afeito. Passou a priorizar agendas com movimentos de esquerda e viagens ao Nordeste –na região, é o presidenciável preferido de 39% da população.
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