Pular para o conteúdo principal

De volta a 1964


Em 1964, depois de os militares tomarem o poder, começaram as maldades. Melhor deixar para outro dia a referência a tudo o que aconteceu em termos de direitos humanos, destruição das instituições democráticas e retrocessos políticos. Vamos ficar, apenas, no desmonte social. Prerrogativas do trabalhador foram para o espaço, mas a principal delas, coincidindo com a ascensão de Roberto Campos ao comando da economia, foi a extinção da estabilidade no emprego para o trabalhador que permanecesse dez anos no mesmo emprego, sem ter sofrido punições e demonstrasse cumprir suas funções com eficiência. Nesse caso, só poderia ser demitido por falta grave. Adquiria o direito de ficar até a aposentadoria sem curvar-se às exigências descabidas do patrão.
Trocaram, pela força, a estabilidade pelo fundo de garantia do tempo de serviço, que liberava as demissões do empregado a qualquer pretexto, desde que fizesse jus a um salário por ano trabalhado, ainda que só pudesse receber esse dinheiro caso demitido, até sem motivos. Tamanha crueldade vige até hoje, quer dizer, mandaram para o espaço a garantia que todo trabalhador tem direito pela natureza das coisas. Foram os investidores americanos que forçaram tamanha barbaridade.
Agora que vem a reforma trabalhista prometida pelo governo Michel Temer, imagina-se o que virá como complemento. Pelo que prometem seus mentores, será a extinção das indenizações. Quem for demitido, tanto faz se com um, dois ou quarenta anos de trabalho na mesma empresa, deixará de receber compensações pelos anos trabalhados. O FGTS só será aplicado caso a empresa na qual o infeliz trabalha receba o aval do governo para a liberação de um dinheiro que só pertence ao trabalhador.
Junto com outras maldades, do tipo redução das horas extras, do fim do trabalho noturno e da limitação das férias e do décimo-terceiro salário.
É obvio que o empresariado está em festa, e até deve-se reconhecer estar sendo sacrificado pela alta carga de impostos. Mas tirar do assalariado a diferença entre as necessidades do trabalhador e o lucro do empresário é repetir, sem tirar nem pôr, a fórmula de 1964. Não fossem outras sugestões já em andamento, até piores, engendradas pelo governo Michel Temer... 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção