Blog do Kennedy
Do ponto de vista pessoal, a presidente afastada, Dilma Rousseff, saiu do Senado ontem maior do que entrou. Ela acertou ao fazer a defesa pessoalmente e com uma medida correta entre firmeza e cortesia. Essa atitude transmitiu a ideia de uma pessoa inocente e injustiçada que batalha até o fim e que morre politicamente lutando, morre de pé.
O ex-presidente Lula considerou que ela estava segura nas intervenções e que “falou para o Brasil”. Ou seja, não foram falas feitas apenas para tentar virar votos dos senadores. Foram intervenções que tiveram o objetivo de deixá-la melhor na fotografia histórica do impeachment.
Num debate, ganha quem consegue ditar a pauta, o tema da discussão. Ontem, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o Palácio do Planalto divulgaram notas para rebater os argumentos de Dilma. Isso mostra que o discurso e as respostas dela causaram incômodo.
Do ponto de vista econômico, a narrativa que Dilma apresentou foi irrealista. Ela tem razão ao apontar que as pedaladas e os três decretos de crédito suplementar são pretextos para tirá-la do poder. De fato, ela cai pelo conjunto da obra. E ela não admitiu que sua obra foi ruim.
Fez uma análise da crise econômica brasileira como se não tivesse sido decisão dela destruir a política fiscal e permitir maquiagens nas contas públicas. Minimizou o peso das decisões equivocadas em relação à Petrobras e ao setor energético. O diagnóstico dela sobre as causas da crise dá imenso peso à crise internacional e ao boicote do Congresso e da oposição. Porém, trata da participação dela como erros genéricos e de menor importância.
A presidente dourou a pílula. Ela foi o principal agente histórico da própria queda. Ela resiste a admitir a gravidade dos seus erros na economia e na política. A narrativa tenta amenizar o papel dela na crise e no impeachment, quando, na verdade, ela foi a estrela principal desse espetáculo. Uma autocrítica sincera faria bem à presidente, mas ela não foi capaz ou não quis fazê-la.
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