Mônica Bergamo - Folha de S.Paulo
O PT vive o impeachment de Dilma Rousseff como o penúltimo capítulo de uma saga que pode terminar com a condenação e até, no limite, com a prisão do ex-presidente Lula.
Senadores do partido e interlocutores do petista faziam reservadamente essa análise. Depois da queda final da presidente, começará o que eles consideram uma tentativa de "caçada final" a Lula, para impedi-lo de concorrer à Presidência em 2018.
Repetem, assim, diagnóstico feito por José Dirceu quando foi condenado pelo mensalão, em 2012. Ele dizia que seria o primeiro a cair, e que em seguida viriam Dilma e Lula. Reclamava que alertava o PT, mas que o partido não dava a menor bola.
Já senadores favoráveis a Michel Temer faziam previsões sobre o governo definitivo do interino. Uma delas é a de que ele não enviará ao Congresso a reforma da previdência, com proposta de idade mínima de aposentadoria, antes das eleições.
Os senadores do PP diziam já ter conversado com o próprio Temer sobre o tema. Cerca de cem deputados, diziam, são candidatos a prefeito. Se o governo enviar ao Congresso a reforma da previdência, eles serão obrigados a se posicionar. Se apoiarem, correm o risco de perder a eleição. Melhor então deixar para depois.
"Ninguém vai ter cabeça aqui no Congresso para discutir esse assunto, em pleno período eleitoral", admitia o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos mais próximos de Temer. "Seria um tiro no pé", dizia Garibaldi Alves (PMDB-RN), ex-ministro da Previdência.
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