Após tomar conhecimento de que o Senado, nesta quarta-feira (31), decidira cassar o seu mandato por crime de responsabilidade, a ex-presidente Dilma Rousseff não poupou adjetivos para criticar o presidente Michel Temer e os partidos políticos que o apoiam.
“Ouçam bem! Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”, declarou a ex-presidente num dos salões do Palácio da Alvorada, onde recebeu os jornalistas.
Segundo ela, “causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados”.
Ela disse também que pretende recorrer da cassação “em todas as instâncias possíveis” porque a decisão tomada pela maioria dos senadores vai entrar para a história como uma das “grandes injustiças” da história do Brasil.
“Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles”, desabafou.
Adiante: “Por mais de 13 anos realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história do nosso País. Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”.
Dilma encerrou o discurso citando o poeta russo Maiakóvski: “Não estamos alegres, é certo/ Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?/O mar da história é agitado/As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,/ Rompê-las ao meio/ Cortando-as como uma quilha corta”.
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