A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) foi muito infeliz ao afirmar, ontem, no primeiro momento da sessão de julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), que o Senado não tinha moral para julgar a petista. Seu tropeço verbal provocou um bate-boca e troca de ofensas entre defensores e os que condenam o impedimento da presidente. Um dos mais combativos aliados de Dilma, Lindbergh Farias entrou na discussão e acusou Caiado de ter ligação com o contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Acusado de comandar uma quadrilha que explora jogos de azar em Goiás, Cachoeira foi preso em junho pela Operação Saqueador, da Polícia Federal (PF), suspeito de envolvimento em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos. “Sua ligação é com o Carlinhos Cachoeira”, gritou Lindbergh, no momento em que o senador do DEM ironizava o marido de Gleisi.
“Demóstenes [Torres, senador cassado por suspeita de envolvimento com Carlinhos Cachoeira] sabe da sua vida”, continuou o senador petista. "Tem que fazer antidoping. Fica aqui cheirando, não", reagiu Caiado. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que processará o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e também o acionará no Conselho de Ética do Senado.
Caiado afirmou que ainda vai decidir se entrará com representação contra Lindbergh no Conselho de Ética. Durante a apresentação das questões de ordem pelos senadores, Lindbergh, Caiado, Gleisi Hoffmann e Fátima Bezerra protagonizaram um grande bate-boca, que levou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, a suspender a sessão.
A discussão começou quando a senadora Gleisi afirmou que os senadores não tinham moral para julgar a presidente Dilma Rousseff. Quando disse isso, Caiado afirmou que ele e os senadores não eram “assaltantes de aposentados”, em referência à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido de Gleisi, sob acusação de envolvimento em um esquema de corrupção que teria desviado R$ 100 milhões dos funcionários públicos federais que fizeram empréstimo consignados.
Gleisi, então, também alfinetou o líder do DEM. "É [assaltante] de trabalhador escravo", rebateu a petista, referindo-se ao fato de Caiado ser produtor rural em Goiás. Caiado afirmou que a maneira como a senadora Gleisi Hoffmann se dirigiu ao plenário foi "grosseira" e "indelicada". “Eu ainda não me decidi se entro com representação no Conselho de Ética ou no Departamento Nacional de Combate ao Narcotráfico”, afirmou Caiado em relação a Lindbergh.
INFORMANTE – Primeira testemunha arrolada pela acusação, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), passou da condição de testemunha de acusação para a de informante no julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. A decisão foi tomada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, depois de acatar recurso da defesa de Dilma que o procurador participou de um ato em defesa da rejeição das contas de Dilma. Ao virar informante, o depoimento de Oliveira perde força do ponto de vista jurídico e não poderá ser usado como prova.
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