Presidenta reforça suas posições e defende sua presença no Senado na segunda-feira
El País: André de Oliveira e Afonso Benites
No alto do palanque, sentada entre a filósofa Marilena Chauí e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), Dilma Rousseff aparentava calma e tranquilidade. Levantava a todo instante para receber presentes vindos da plateia: cartas, livros, camisetas, um origami. Quando gritavam seu nome, ou alguém chamava sua atenção, retribuía com sorrisos, acenos e as mãos unidas em forma de coração.
A poucos dias do desfecho definitivo do processo de impeachment, a presidenta afastada subiria pouco depois ao palco, num auditório na capital paulista, para reafirmar que é honesta, que não há uma acusação contra ela e que ela irá ao Senado apresentar sua defesa. “Não porque eu acredite nos meus olhos bonitos, mas pela democracia”, disse sorrindo.
A frase resume um pouco o tom geral do “Ato contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos sociais”, organizado pelos movimentos suprapartidários de esquerda Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, nesta terça à noite. Apesar de lotado pela militância e de uma atmosfera de otimismo, praticamente todas as falas, incluindo a de Dilma, pareciam apontar mais para reafirmação de que é vítima golpe e para questões futuras – como a possibilidade de cortes expressivos em gastos sociais – do que para a reversão de sua saída do poder que, para a maior parte dos analistas e políticos, já está praticamente consumado.
Desde que foi afastada da presidência, em 12 de maio, Dilma participou de cerca de uma dezena de mobilizações em diferentes cidades brasileiras. As viagens, batizadas de “Jornada pela Democracia”, foram possibilitadas graças a uma vaquinha virtual que arrecadou cerca de 800 mil reais em um curtíssimo espaço de tempo. A facilidade com que o dinheiro foi levantado, contudo, nunca se reverteu em uma força capaz de inflamar as ruas em defesa do mandato da presidenta afastada
Nesta quarta, véspera do início da maratona do Senado que deve durar ao menos até ao menos a madrugada de terça, a presidenta afastada foi a mais um evento, no Sindicato dos Bancários, em Brasília. Chegou escudada de ex-ministros que permaneceram no seu entorno, como Jaques Wagner (PT-BA) e Miguel Rossetto (PT-RS) e discursou diante de sua emblemática foto sendo interrogada por militares, aos 22 anos, subjugada à Justiça de exceção da ditadura.
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