O Globo - Vinicius Sassine
As investigações da Operação Decantação, que prendeu nesta quarta-feira os presidentes do PSDB em Goiás e da Saneamento de Goiás (Saneago), detectaram diversos saques na boca do caixa relacionados a empresas prestadoras de serviços à estatal. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) apontam indícios de que recursos públicos federais – destinados a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de financiamentos do BNDES e da Caixa – abasteceram o caixa da campanha do governador Marconi Perillo (PSDB) à reeleição em 2014.
A Operação Decantação levou à prisão preventiva de 11 suspeitos de participação do esquema e à prisão temporária de cinco dias de mais quatro suspeitos, entre eles o presidente do PSDB em Goiás, Afrêni Gonçalves, e o presidente da Saneago, José Taveira Rocha. Gonçalves e Taveira são muito próximos de Perillo. O tucano sempre destinou cargos públicos estratégicos aos dois no governo local. Taveira já foi presidente da Agência de Fomento de Goiás, secretário da Fazenda e agora presidente da Saneago.
Pelo menos R$ 4,5 milhões em recursos federais foram desviados da Saneago, conforme as investigações. Dirigentes e servidores da estatal de saneamento promoviam direcionamento de licitações, em especial por meio de uma empresa de consultoria, segundo a PF. A fraude na concorrência favorecia empresas que pagavam propina, inclusive por meio de doações eleitorais. A decisão judicial sobre as prisões determinou também 21 conduções coercitivas – quando o suspeito é obrigado a depor –, 67 buscas e apreensões – nas empresas suspeitas e na sede do PSDB em Goiás – e o afastamento de oito dirigentes e servidores da Saneago.
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