Do G1
O troca-troca na Esplanada dos Ministérios surpreendeu o mundo político neste fim de semana e gerou protestos de entidades ligadas à Polícia Federal (PF). Em nota divulgada poucas horas após o anúncio da mudança no primeiro escalão, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirma que viu com "preocupação" a dança das cadeiras no comando do Ministério da Justiça.
Imediatamente, também surgiram interpretações, em Brasília, de que a decisão de Temer de colocar Torquato no comando do Ministério da Justiça seria uma tentativa de retomar a influência sobre a PF.
Em entrevista a Andréia Sadi, o novo titular da Justiça afirmou que não está descartada nem mesmo a substituição do diretor-geral da PF, Leandro Daiello.
Osmar Serraglio apareceu em um dos grampos da Operação Carne Fraca. Na ligação, o agora ex-ministro da Justiça fala com um dos líderes do esquema investigado pela Polícia Federal, o ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho.
Ele chama o ex-superintendente de “grande chefe” na conversa telefônica interceptada pelos agentes federais e fala sobre a ameaça de fechamento de um frigorífico.
Leia a transcrição da conversa:
Osmar Serraglio: grande chefe, tudo bom?
Daniel Gonçalves Filho: tudo bom
Osmar: viu, tá tendo um problema lá em Iporã, cê tá sabendo?
Daniel: não
Osmar: o cara lá, que... o cara que tá fiscalizando lá... apavorou o Paulo lá, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico... botô a boca... deixou o Paulo apavorado! Mas pra fechar tem o rito, num tem? Sei lá. Como que funciona um negócio desse?
Daniel: deixa eu ver o que acontecendo... tomar pé da situação lá tá... falo com o Senhor (...)
À época em que a operação foi deflagrada, a PF informou que não havia indício de crime por parte do então ministro da Justiça.
No entanto, um ex-assessor parlamentar da Câmara afirmou à Polícia Federal que Osmar Serraglio participou da indicação de Daniel Gonçalves Filho para a chefia da superintendência paranaense do Ministério da Agricultura.
De acordo com o ex-assessor, o ex-ministro da Justiça fez parte de um grupo de sete deputados federais do Paraná ligados ao PMDB que formalizaram a indicação de Daniel Gonçalves Filho para o cargo.
Troncha disse não se lembrar a data exata da indicação, mas disse que se recorda que foi próximo ao ano de 2008. À época, Serraglio era deputado federal pelo PMDB do Paraná. O peemedebista nega ter indicado o fiscal.
Na avaliação do colunista Gérson Camarotti, Serraglio era considerado dentro do Palácio do Planalto "um ministro fraco". De acordo com o colunista, o núcleo político próximo a Temer se queixava que o ministro não tinha influência no comando da PF e não conseguia interferir nos rumos da Lava Jato.
O presidente da República optou por Torquato por considerá-lo com personalidade suficiente para retomar o controle da Polícia Federal.
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