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Temer diz que ficou abalado com crise, mas vai até o fim


Folha de S.Paulo - Gustavo Uribe e Bruno Boghossian
O presidente Michel Temer reconheceu neste domingo (21) que ficou abalado com a crise política instaurada com a delação premiada de executivos da JBS, mas que resistirá no cargo "até o fim".
Em discurso durante encontro com ministros e parlamentares, no Palácio da Alvorada, o peemedebista disse que irá comprovar a sua inocência e chamou o empresário Joesley Batista de "rematado delinquente".
Segundo relatos de presentes, ele lembrou que reagiu mal ao impacto inicial das acusações feitas contra ele, mas que se recuperou após fazer pronunciamentos públicos e apresentar sua defesa jurídica.
Ele pediu aos presentes no encontro que resistam com ele "pelo país e pela ordem jurídica". E disse nunca ter visto alguém treinar para fazer uma delação premiada.
Os executivos da JBS tiveram uma espécie de aula dada por um procurador e uma delegada antes de Joesley se encontrar com o presidente e gravar a conversa entre ambos.
O peemedebista pediu ainda a senadores e deputados que o Congresso Nacional que não fique paralisado por conta da crise política e que eles coloquem em votação propostas governistas.
"O Poder Legislativo irá atender ao pedido e trabalhar pelo país com normalidade", disse o líder do governo na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), fizeram uma declaração aberta de apoio a Temer. Prometeram, segundo os presentes, "lealdade e compromisso com o país" e com a pauta legislativa de interesse do governo.
As declarações ocorrem em um ambiente de instabilidade nas relações entre Temer e sua base no Congresso. Maia, especialmente, tem o poder de acatar pedidos de impeachment contra o presidente, e seria o primeiro na linha sucessória em caso de saída do presidente. A dupla afirmou que não haverá "nenhum milímetro" de recuo.
Eunício também relatou ter sido procurado por Joesley "para uma audiência urgente" em várias ocasiões, no fim de abril. O presidente do Senado disse suspeitar que o empresário tentasse gravá-lo, mas não o recebeu porque estava internado.
O presidente havia marcado para este domingo (21) um jantar com a base aliada em uma tentativa de demonstrar que mantém apoio no Congresso Nacional. Ele, contudo, foi desmarcado após líderes e ministros avisarem que não chegariam a tempo.
Com a baixa adesão, Temer decidiu transformar a conversa em um encontro informal, com um grupo mais reduzido, que já estava em Brasília.
Após a veiculação pela imprensa de que o encontro havia sido desmarcado, no entanto, o Palácio do Planalto correu para mobilizar o máximo de governistas possíveis para a reunião. Ao todo, participaram do encontro 17 ministros, 23 deputados federais e 6 senadores. 
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