Delação da JBS atinge ao menos seis ministros de Temer
Folha de S. Paulo - Felipe Bachtold
Em meio à maior crise do governo Michel Temer, ministros de sua gestão podem ser alvos de novos pedidos de inquéritos, desta vez decorrentes da delação da JBS.
Os depoimentos dos delatores, revelados neste mês, envolvem de forma significativa ao menos quatro ministros e trazem acusações como uso de caixa dois em campanha e recebimento de propina.
Apesar de a delação já ter sido tornada pública, a Procuradoria-Geral da República ainda analisa as informações do acordo de colaboração que envolvem autoridades com foro. Se encontrar indícios de irregularidades, o procurador-geral, Rodrigo Janot, deve pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquéritos.
É uma situação diferente da ocorrida na delação da Odebrecht, na qual o conteúdo dos acordos só foi revelado quando o ministro do STF Edson Fachin autorizou a abertura dos inquéritos, em abril.
Entre ministros, as acusações mais incisivas da delação da JBS miraram Gilberto Kassab (PSD), da Ciência, Tecnologia e Comunicações.
Um dos donos da JBS, Wesley Batista disse que pagou mensalmente R$ 350 mil desde 2010 a uma empresa ligada a Kassab por contratos superfaturados de aluguel de caminhões. O valor totalizaria quase R$ 30 milhões.
Segundo Wesley, o grupo herdou esse contrato ao adquirir o frigorífico Bertin, em 2009, e decidiu manter os pagamentos porque considerou que o hoje ministro teria "influência em algum momento".
Outro delator, Ricardo Saud, disse que, na campanha de 2014, Kassab embolsou R$ 7 milhões pagos pela JBS dentro de um acordo entre PT e PSD, partido do qual o ministro é fundador.
Esse montante, disse, foi pago por meio de notas fiscais frias de uma empresa de um irmão de Kassab, Renato.
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